A comunidade velocipédica portuguesa ainda faz sentir o seu entusiasmo após a vitória de
João Almeida na Volta à Romandia, principalmente através das redes sociais. Como é lógico uma das questões que voltou à discussão entre os internautas é a da possibilidade de ser criada uma equipa totalmente composta por ciclistas lusos e que pudesse competir ao mais alto nível.
Então e se conseguíssemos fazer nascer um projecto de ciclismo do escalão ProTeam totalmente português? Se essa realidade se concretizasse, estes seriam os corredores que eu contrataria para formar uma equipa sólida, versátil e competitiva no panorama internacional.
Num contexto onde o ciclismo português tem produzido talento de qualidade, mas onde as oportunidades de afirmação em estruturas nacionais são cada vez mais escassas, a ideia de uma formação 100% portuguesa no segundo escalão mundial poderia ganhar força e legitimidade. Combinando experiência, juventude e polivalência, este grupo de 22 corredores seria a base para uma equipa ambiciosa, pronta para representar o país nas principais provas do calendário continental.
Obviamente que isto é no papel, porque para passar da teoria à prática... Mas peguei num punhado de atletas que estão espalhados pelos diversos escalões e equipas e formei um plantel de 22 homens.
Um plantel pensado para todos os terrenos
Este conjunto permitiria atacar diferentes frentes: voltas por etapas, clássicas, chegadas ao sprint e contrarrelógios. Eis a divisão táctica dos perfis:
- João Almeida: o melhor corredor português da actualidade, especialista em subidas longas e regular em contrarrelógios, ideal para liderar em corridas por etapas.
- António Morgado: talento emergente, combativo e polivalente, com perfil para discutir provas de um dia e evoluir para provas de uma semana e grandes voltas.
- Rui Costa: veterano com currículo World Tour, estratega nato e ainda competitivo em terreno montanhoso e dias imprevisíveis.
- Ruben Guerreiro, Afonso Eulálio, Tiago Antunes e Joaquim Silva: elementos consistentes em subidas, com provas dadas no escalão continental e capacidade de trabalho em apoio aos líderes.
- Iúri Leitão: campeão mundial de pista, sprinter explosivo com capacidade de se impor em finais rápidos.
- Rui Oliveira e Ivo Oliveira: fortes no plano, com um historial sólido em pista e estrada.
- Francisco Campos: finalizador eficaz e etapas planas.
- Lucas Lopes e Rafael Durães: jovens em crescimento, ambos com vocação para finais ao sprint e com grande margem de desenvolvimento.
- Nelson Oliveira: um dos melhores contrarrelogistas portugueses, com grande capacidade de trabalho.
- Rafael Reis: especialista no esforço individual, valioso em prólogos e fugas de longe.
- António Carvalho, André Carvalho, Pedro Pinto, Emanuel Duarte e Fábio Costa: corredores completos, úteis em terrenos mistos, provas de um dia e como peças tácticas de apoio.
- Daniel Lima e Afonso Silva: jovens com margem de progressão, ideais para integrar num sistema de formação contínua e ganhar experiência no pelotão profissional.
Para dar corpo a uma estrutura com este perfil, seria necessário um investimento ajustado à realidade do escalão ProTeam.
O orçamento total, incluindo salários, staff, equipamentos, logística e deslocações, situar-se-ia entre os 5 e os 7 milhões de euros anuais, dentro da média para equipas ProTeam com ambições reais de competitividade.
E patrocinadores?
Para uma equipa com esta identidade, os parceiros naturais seriam empresas portuguesas ligadas à inovação, ao território e ao desporto. Exemplos:
- EDP, Galp ou REN (energia)
- Delta Cafés, Sumol+Compal (consumo)
- NOS, Altice Portugal (telecomunicações)
- GoldNutrition, Prozis (suplementos)
- Salvador Caetano (automóvel)
Ciclismo: um desporto que merece mais
Num país onde o investimento desportivo continua fortemente concentrado no futebol, o ciclismo português tem, ano após ano, dado provas de competência, dedicação e resultados internacionais de elevado nível. Ciclistas como
Rui Costa, João Almeida, Iúri Leitão, Rui Oliveira, Ivo Oliveira, Tata Martins, Tiago Ferreira, entre muitos outros, demonstraram que, com apoios e estruturas, é possível competir com os melhores do mundo.
Um sonho possível
Mais do que um exercício de imaginação, esta proposta até poderia representar uma ideia realista e estruturada. Portugal tem talento, tem experiência técnica e tem identidade suficiente para dar corpo a uma equipa ProTeam composta unicamente por ciclistas nacionais. Claro que seria necessário o apoio estratégico e uma visão de longo prazo, no que poderia ser um projecto mobilizador para o ciclismo português e um exemplo de como o desporto pode servir o país com orgulho e ambição.