Não é exagero dizer que, na etapa 15 da Volta a França de 2024, Tadej Pogacar teve uma das melhores performances de montanah de todos os tempos, destruindo Jonas Vingegaard para construir uma enorme vantagem na classificação geral a caminho de outra vitória de etapa.
Pogacar obliterou o recorde anterior de Plateau de Beille, estabelecido por Marco Pantani. O esloveno completou a subida em 39 minutos e 44 segundos, quase quatro minutos mais rápido do que o recorde de Pantani. Dado o passado questionável do italiano no que diz respeito ao uso de drogas, isso levou alguns a questionar como é que Pogacar pode ser tão melhor, estando limpo. Em resposta, o antigo ciclista que se tornou analista do Sporza, Serge Pauwels, apresentou uma explicação;
"Pedalou 6,8 ou 6,9 watts por quilograma. Sem dúvida, é uma das subidas mais duras de sempre numa corrida. É um desempenho de classe mundial", começa Pauwels no podcast do Sporza Tour após a etapa, antes de tentar explicar as circunstâncias que rodearam a subida de Pogacar, em comparação com a de Pantani.
"Naquela altura, Pantani pedalava sobretudo sozinho, o que significava que tinha pouco abrigo. Hoje, Pogacar tem o melhor leadout da sua vida. Primeiro, Matteo Jorgenson pedala a toda a velocidade a partir do sopé. Depois, Vingegaard, o segundo melhor ciclista do mundo, continua a pedalar a um ritmo elevado. Depois, Pogacar acrescenta os seus melhores quinze minutos. Todas as condições eram boas para fazer um tempo rápido", explica Pauwels. "Nos anos 90, foi a era do super combustível. Isso foi substituído pelo treino em altitude".
Outro fator notável é a diferença de equipamento no último quarto de século. "Nessa altura, uma bicicleta pesava 8 quilos, agora pesa 6,8 quilos. É o peso mínimo", diz Pauwels. "E agora estão a digerir 120 hidratos de carbono por hora. Na altura, nem sequer pensavam nisso, talvez apenas 50 ou 60 hidratos de carbono por hora."