Num Tour marcado pelo domínio de Tadej Pogacar e pelo desgaste acumulado dos grandes nomes da classificação geral,
Ben Healy destacou-se como a figura mais imprevisível e entusiasmante da corrida. O irlandês da EF Education–EasyPost terminou a
Volta a França como o ciclista mais combativo de 2025, com direito a subir ao pódio final em Paris, após três semanas de ataques, uma vitória de etapa, uma passagem pela camisola amarela e um honroso nono lugar na geral.
A corrida da equipa norte-americana parecia comprometida logo à partida, com a desistência de Richard Carapaz antes mesmo do início da prova e a queda de Marijn van den Berg na primeira etapa, quando lutava pelo sprint. E equipa acabou por sofrer baixas de peso bem cedo, deixando um vazio na liderança que Healy assumiu com coragem e ambição.
O ponto de viragem surgiu na etapa 6, quando Healy triunfou de forma brilhante em Vire, após uma longa fuga a solo que lhe deu a primeira vitória da carreira no Tour. O triunfo abriu-lhe as portas da luta pela geral, algo que até então parecia fora do seu alcance. Poucos dias depois, na etapa 10, voltou a surpreender: escapou-se novamente e, com um esforço determinado, conquistou a camisola amarela por escassos segundos, batendo o todo-poderoso Pogacar no jogo do tempo.
Apesar de perder a liderança dois dias depois, na etapa 12, quando teve um dia difícil nas montanhas e caiu para fora do top 10, Healy não desistiu. Voltou a ser presença nas fugas e mostrou consistência em finais duros, chegando mesmo a lutar pela vitória na mítica chegada ao Mont Ventoux (etapa 16), onde apenas Valentin Paret-Peintre o conseguiu superar.
A forma como correu (agressiva, instintiva, de coração aberto) valeu-lhe o reconhecimento do público, dos adversários e da organização. Com uma Camisola Amarela vestida durante dois dias, uma etapa conquistada, três fugas bem-sucedidas e um 9.º lugar na geral, Healy foi justamente coroado como o ciclista mais combativo da Volta a França 2025.
“O ano passado deu-me realmente a confiança de que podia correr a este nível”, partilhou o irlandês. “Fiz o trabalho duro e estava sempre confiante de que podia fazer algo como uma vitória numa etapa. Mas vestir a Camisola Amarela e terminar num top 10 na classificação geral está para lá das expectativas que tinha, mas não acho que vai mudar a minha forma de correr. Estou muito orgulhoso do nível a que estive aqui.”
Num pelotão cada vez mais metódico e controlado, Healy destacou-se pela audácia, pela visão tática e pela paixão. “Significa muito que as pessoas gostem da minha forma de correr. Tento fazê-lo com o coração, fazendo o que gosto e se as outras pessoas também gostam, isso é ótimo.”
Ben Healy não venceu o Tour, mas conquistou Paris à sua maneira: com alma, coragem e autenticidade. O prémio de mais combativo foi mais do que uma recompensa simbólica: foi a celebração de um ciclista que fez do risco o seu estilo de vida nas estradas francesas.