A segunda etapa do
UAE Tour Feminino teve uma vencedora que era esperada: Lorena Wiebes. Mas o caminho para a vitória estava longe de ser previsível. Uma etapa aberta, com o pelotão a partir-se por completo e as ciclistas da
UAE Team ADQ a tomarem conta da corrida lá na frente, com três ciclistas em cinco no grupo da frente. Para
Patrick Lefevere foi uma felicidade poder assistir 'in loco' a uma batalha tão espetacular com ventos cruzados.
"Já estive presente em algumas corridas femininas, mas esta foi de longe, a mais dura e difícil que já vi", disse Lefevere ao
Cyclingnews. "Não há segredos. Está muito vento, ou se está na frente ou adeus. Só há duas possibilidades e isso depende de quem somos. Isto também acontece porque as mulheres muitas vezes não têm a experiência nestes ventos cruzados e foram ventos cruzados desde o primeiro quilómetro, por isso foi bom ver no carro."
Lefevere parece genuinamente impressionado e quis esclarecer as coisas depois de ter criticado anteriormente as corridas femininas. "Quero dizer a verdade, porque dei uma explicação e algumas pessoas de língua inglesa interpretaram-na mal", disse Lefevere.
Numa entrevista publicada no Krant van West-Vlaanderen, Lefevere foi citado como tendo dito que o ciclismo feminino ainda não tinha progredido o suficiente para que todas as ciclistas ganhassem um salário mínimo, à semelhança do que acontece com o masculino. Na altura, Lefevere disse ter perguntado a algumas ciclistas quanto ganhavam por mês, ao que elas lhe responderam entre 200 e 250 euros.
"Disse-lhes que isto era um escândalo", explicou Lefevere. "Disse-lhes que não dirigiria uma equipa feminina se tivesse de pagar isso, que não queria ser este tipo de organização e que se criasse uma equipa feminina, queria fazê-lo da forma correcta." Foi exatamente isso que ele fez algum tempo depois, quando juntou forças com a AG Insurance para construir uma das equipas mais fortes do pelotão feminino.
"Tive uma grande, grande ajuda da AG Insurance, que acredita no ciclismo feminino de forma ilimitada. Sem ajuda deles não estaríamos aqui hoje", disse Lefevere. "Aumentei o orçamento de 250.000 euros para 4 milhões de euros. Fiz o que tinha de fazer. Trouxe todos os patrocinadores para esta equipa. Por isso, penso que todos estão satisfeitos. Agora também temos uma equipa de desenvolvimento e dizemos aos agentes para começarem a deitar o olho ás ciclistas mais jovens. Vemos muito talento na nossa equipa de desenvolvimento, por isso acho que o futuro será bom, se conseguirmos manter o dinheiro no ciclismo", conclui.