Patrick Lefevere, histórico dirigente da Soudal – Quick-Step, saiu em defesa da realização do
Campeonato do Mundo de Estrada UCI de 2025 no Ruanda, respondendo aos críticos que consideram o país africano um anfitrião inadequado. Na sua coluna semanal no Het Nieuwsblad, o belga de 70 anos elogiou os progressos em Kigali e considerou “descabida” a controvérsia em torno do evento.
“Sei que vou estar a pisar alguns pés muito sensíveis, mas sou cem por cento a favor da realização do Campeonato do Mundo no Ruanda”, escreveu Lefevere. “Há muito que se pode dizer sobre Paul Kagame, mas qualquer pessoa que tenha estado em Kigali só pode ficar impressionada com o funcionamento daquela cidade.”
O ex-dirigente reconheceu as tensões geopolíticas, incluindo o alegado envolvimento militar do Ruanda no leste da República Democrática do Congo e as sanções impostas pela União Europeia ao exército ruandês por alegado apoio aos rebeldes do M23. No entanto, não deixou de apontar o que considera ser incoerência nas críticas.
“A UE paga milhões a esse mesmo exército para salvaguardar os interesses das empresas europeias em Moçambique, como a TotalEnergies, para citar um exemplo. Para além disso, a UE fechou um importante acordo sobre recursos com o Ruanda. Tudo isto é inquestionável, mas quando acontece uma corrida de bicicletas no mesmo país, de repente é um escândalo”, argumentou.
Lefevere contextualizou a sua posição no processo de recuperação do Ruanda após o genocídio de 1994. “A reconstrução de um país completamente dividido e devastado, para o que é hoje, só pode ser conseguida por um líder autoritário”, escreveu. “Com os nossos cento e dez ministros belgas de sabe-se lá o quê, isso nunca teria acontecido.”