Patrick Lefevere não se cala perante a situação de
Cian Uijtdebroeks, apesar de a Soudal - Quick-Step não estar envolvida. Considera que a solução mais provável é alterar o modelo de transferências do ciclismo e que esta situação se deve sobretudo ao facto de os dirigentes das equipas tentarem "lixar-se uns aos outros".
"Muitas vezes, são os treinadores que se tentam enganar uns aos outros e recomendam ciclistas a outras equipas e depois falam com eles até que tomem medidas", disse Lefevere numa entrevista recente. "Há alguns especialistas. Embora eu afirme que Ralph Denk nem sempre tem razão. O que me surpreende é que tudo tenha corrido bem com Roglic e agora não com Uijtdebroeks, mas é claro que não conheço os pormenores e, por isso, não vou arriscar qualquer declaração sobre o motivo".
De facto, ainda não se sabe muita coisa e todos os dias surgem novos pormenores. Neste momento, argumenta-se que existe a possibilidade de os colegas de equipa de Uijtdebroeks não gostarem muito do belga e terem mesmo criado um grupo de conversação separado durante a Vuelta a España para falar sobre ele. O próprio Lefevere recordou uma história de como Ralph Denk (diretor da BORA - hansgrohe) agiu nas costas de Lefevere em 2021 para tentar contratar Remco Evenepoel. O próprio Lefevere considera que se trata de uma rixa entre dirigentes de equipas, o que é perfeitamente possível, tendo em conta, por exemplo, a rapidez e agressividade com que o dirigente da Cofidis, Cédric Vasseur, reagiu à notícia. Não se sabe qual foi o papel de Uijtdebroeks na transferência, mas parece evidente que ele queria deixar a equipa o mais rapidamente possível.
"Isto não se pode tornar um hábito, porque depois teremos um problema", continua o experiente treinador da equipa belga, argumentando depois que um sistema de transferências semelhante ao do futebol poderia ajudar a evitar estas situações. "Depois, torna-se impossível apresentar aos patrocinadores um projeto a cinco anos. Se os pilotos saem mais cedo, deixam-nos expostos. Um sistema de transferências como o do futebol dar-nos-ia a oportunidade de construir um cofre de guerra. Todos são iguais perante a lei. Procuramos os jovens e não os deixamos enlouquecer. Depois, penso que poderíamos ganhar alguma coisa com isso se outra equipa os quisesse levar. Que todos os bons cavaleiros acabam por ficar com as equipas com os maiores orçamentos? É o que já acontece".