Pedro Delgado critica a atitude incoerente da Visma na 14ª etapa do Giro: "Tiraram partido da situação e esqueceram-se de tudo aquilo que costumam pregar"

Ciclismo
domingo, 25 maio 2025 a 13:15
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Presença habitual nos comentários da RTVE durante a Volta a França e a Volta a Espanha, Pedro Delgado regressou ontem ao cenário de La Montonera para partilhar memórias com Eduardo Chozas, mas não deixou passar em branco a polémica em torno da Team Visma | Lease a Bike na 14.ª etapa da Volta a Itália 2025.
O antigo vencedor da Volta a França (1988) foi direto ao analisar a atuação da equipa neerlandesa após a queda coletiva que abalou o pelotão durante uma etapa marcada pela chuva e por estradas traiçoeiras com paralelos escorregadios.
“Quem já foi ciclista sabe que até cruzar a meta tudo pode acontecer. Era uma etapa calma, descontraída, mas com a chuva transformou-se num cenário propício ao desastre”, afirmou Perico sobre a queda que fraturou o grupo principal e afetou vários nomes da geral, como Ayuso, Bernal, Tiberi e Roglic.
Delgado reconhece que a Visma teve legitimidade desportiva para manter o ritmo após a queda, mas apontou o que considera ser uma clara incoerência ética da equipa, relembrando episódios anteriores em que os neerlandeses exigiram comportamentos distintos dos seus adversários.
"A Visma fez bem em continuar, mas o que me surpreende é que são os primeiros a criticar os outros. Já os vi a censurar a Movistar ou outras equipas, exigindo cavalheirismo. Ontem não mostraram o mesmo critério. Foram os arquitetos de uma etapa que, possivelmente, será decisiva neste Giro".
Para o ex-ciclista da Reynolds, existe uma diferença entre dureza competitiva e coerência moral. E, na sua perspetiva, a Visma tem falhado na segunda.
"Sempre fiz corridas sem olhar para trás e gosto deste estilo de corrida, mas é preciso manter a coerência. Ontem tiraram partido da situação e esqueceram-se de tudo aquilo que costumam pregar", disparou, referindo-se à aceleração contínua da Visma após o acidente, numa altura em que vários favoritos estavam ainda a recompor-se.
"Caímos, levantámo-nos e lidamos com o aproveitamento dos adversários. Isso faz parte. Mas a Visma surpreende-me porque, apesar de jogarem forte, são os primeiros a apontar o dedo quando não lhes convém".
Perico lembrou ainda que, após a queda, faltavam muitos quilómetros para o final, e que a equipa poderia ter optado por neutralizar o andamento temporariamente para preservar o espírito desportivo.
A crítica deixa implícita a pergunta: onde traçar a linha entre inteligência tática e oportunismo? Num ciclismo cada vez mais competitivo e milimétrico, até os códigos de conduta parecem estar sob escrutínio.
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