As críticas e dúvidas levantadas após a apresentação do percurso da
Volta a França 2026 não ficaram sem resposta. O director da corrida,
Christian Prudhomme, confirmou em Paris que o traçado foi pensado para manter a incerteza até ao final, concentrando as etapas mais duras e decisivas na reta final - incluindo o brutal desfecho no Alpe d’Huez.
“Tornámos a chegada o mais difícil possível para que a Camisola Amarela não esteja garantida 48 horas antes do final. Tudo pode acontecer na última etapa de montanha, independentemente da vantagem do líder”, afirmou Prudhomme em declarações ao Sporza.
O paralelismo com outras Grandes Voltas é evidente. Prudhomme admitiu que a inspiração veio, em parte, da última Volta a Itália, onde o Colle delle Finestre, colocado na derradeira etapa de montanha, virou completamente a classificação geral.
“O percurso foi desenhado para ser construído gradualmente, etapa após etapa, com uma tensão que não pára de crescer. Até à última etapa de montanha, tudo é possível”, sublinhou o diretor da prova.
A 20ª etapa do Tour de 2026 será a mais exigente da edição, pois apresenta o maior desnível de acumulado e passando por alguns dos colossos alpinos: Col du Télégraphe, Col du Galibier e Col de Sarenne, antes da chegada em altitude ao Alpe d’Huez. Um dia de montanha extrema que promete manter o suspense até ao último metro.
“É difícil imaginar alguém destronar Tadej Pogacar em circunstâncias normais, porque ele já mostrou que pode ganhar tempo em todos os tipos de terreno. Mas o desenho do percurso dá espaço para surpresas. É isso que queremos”, explicou Prudhomme.
Israel – Premier Tech e o contexto internacional
Além das questões desportivas, Prudhomme também foi questionado sobre a situação política que envolve a Israel - Premier Tech, cuja presença na corrida tinha sido alvo de debate devido à instabilidade internacional e às reservas expressas pela Câmara de Barcelona, que acolherá a Grand Départ.
“A situação internacional mudou e há progressos no sentido da paz”, declarou o diretor.
Segundo Prudhomme, a equipa liderada por Sylvan Adams deverá poder participar na corrida, uma vez que o empresário israelita se encontra a afastar-se progressivamente do projeto, o que deverá facilitar o consenso em torno da presença da equipa. A posição da organização e da cidade catalã parece agora mais alinhada.
“O presidente da Câmara de Barcelona disse-nos que quer fazer desta Grand Départ a maior da história do Tour”, revelou Prudhomme.
Barcelona prepara-se para o grande arranque
A escolha de Barcelona para dar início à Volta a França 2026 foi recebida com entusiasmo por parte da organização, que vê na capital catalã um palco de exceção para o regresso do Tour a Espanha após mais de três décadas.
O arranque incluirá um contrarrelógio por equipas e uma segunda etapa também na cidade, com chegada ao Estádio Olímpico, subindo o Alto de Montjuïc - um cenário que combina espetáculo urbano e tradição desportiva.
Prudhomme quer que o Tour 2026 seja recordado não apenas pela dureza do final em alta montanha, mas pela intensidade de cada momento. “Queremos um Tour que conte uma história até ao último dia. Não apenas quem vence, mas como vence”, concluiu o director da corrida.