Tendo passado mais de uma década a correr ao mais alto nível,
Romain Bardet assistiu a muitos desenvolvimentos no pelotão profissional ao longo da sua carreira. Uma das mais recentes é a utilização controversa de monóxido de carbono...
A inalação do gás ligeiramente venenoso (monóxido de carbono) tem como objetivo expresso, melhorar o desempenho dos atletas. Um número crescente de recentes investigações científicas sugere que a inalação pode ter um forte impacto nas medidas da capacidade aeróbica, como o VO2max, ou consumo máximo de oxigénio, e tem ligações a equipas como a
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Numa extensa entrevista à
Eurosport sobre o final da sua carreira, Bardet foi questionado sobre a controvérsia que atualmente tem passado ao lado da proibição do seu uso, por parteda WADA. "Honestamente, tomei conhecimento do assunto através da imprensa. Vemos os estudos. Tudo é possível. Nunca ouvi falar de nada, mas, por outro lado, não me surpreenderia. Há tantas investigações sobre a ideia de optimizar o desempenho...", avalia o francês. "Não é surpreendente que alguns investigadores, algumas equipas, algumas pessoas ligadas ao ciclismo estejam a procurar outras coisas. Haverá sempre um desejo de encontrar vantagens competitivas".
Mas será que é uma vantagem justa ou deveria ser proibida a utilização de monóxido de carbono para melhorar o desempenho? "Cabe a cada indivíduo estabelecer o limiar do que lhe parece ético e justo, na procura absoluta e desesperada do resultado final em relação aos seus valores. É como as cetonas, como muitas coisas, é suscetível de se fazer uma interpretação. E infelizmente, como as regras não estão claramente definidas, como esta interpretação é deixada ao critério de cada um e como estamos num desporto ultra competitivo onde só a vitória conta, não devemos ficar surpreendidos com os possíveis usos dessas substancias", considera Bardet.
"O monóxido de carbono pode explicar a trajetória de algumas pessoas que não conhecíamos há um ano ou ano e meio, mas também é um pouco fácil culpá-las sem olhar para a sua trajetória. Estes procedimentos foram documentados e cabe agora às autoridades decidir se os proíbem ou não e efetuar controlos. Num mundo tão competitivo e com tanto em jogo do ponto de vista económico, é totalmente inútil acreditar que é a boa vontade e a ética irrepreensível dos ciclistas e das equipas que permitirão uma regulamentação saudável. Isso é totalmente ilusório".