"Se o Almeida abandonar, a história será outra" Poderá a queda de Almeida ser um ponto de viragem para Vingegaard?

A 7.ª etapa da Volta a França de 2025 trouxe sentimentos mistos para a UAE Team Emirates - XRG. Tadej Pogacar brilhou com mais uma exibição de classe ao vencer no topo do Mur-de-Bretagne e recuperar a desejada Camisola Amarela, mas a equipa terminou o dia com uma nota de apreensão: João Almeida sofreu uma queda preocupante a cerca de 6 quilómetros da meta, num momento que pode ter sérias repercussões para a estratégia das montanhas da equipa dos Emirados.

O português é uma peça chave no bloco para o apoio a Pogacar e ele próprio um potencial candidato ao pódio. Almeida apresentou queixas após a queda e no final da etapa foi efectuar exames complementares, com o objetivo de despistar eventuais fraturas. Almeida tem sido um dos ciclistas mais consistentes da temporada, com três vitórias à classificação geral em 2025 e apresentava-se nesta Volta a França com ambições individuais, sem nunca descurar a missão coletiva.

A potencial perda do português levanta dúvidas relevantes sobre o equilíbrio de forças entre UAE e Visma, especialmente tendo em conta que Jonas Vingegaard está rodeado de nomes como Sepp Kuss, Matteo Jorgenson e Simon Yates.

Os comentários dos analistas da Sporza, Renaat Schotte e José De Cauwer, espelham essa preocupação. "A Visma não é mais forte do que a equipa de Pogacar, mas se o Almeida abandonar, a história será outra", frisou Schotte. De Cauwer foi ainda mais directo: "Ele é o último homem de apoio ao Pogacar nas montanhas. Na verdade, para já trata-se de uma situação provisória. Ele estava bem na classificação geral. Na verdade, ele veio para cá como 'domestique'."

A fiabilidade de Almeida nas montanhas tem sido um trunfo na estrutura da UAE. A sua capacidade de impor um ritmo elevado na alta montanha é uma arma fundamental para proteger Pogacar dos previsíveis ataques de Vingegaard, Jorgenson e Evenepoel na terceira semana. Sem João Almeida, a formação árabe poderá enfrentar dificuldades acrescidas.

"Temos o Jorgenson, o Vingegaard, o Pogacar, o Evenepoel... e talvez o Almeida se tenha afirmado nesse grupo. Mas agora pode já não estar lá. Esperemos que esteja", comentou De Cauwer, revelando preocupação face à incerteza futura em torno do estado físico do português.

O experiente comentador belga sublinhou ainda o caráter estratégico da abordagem da Team Visma | Lease a Bike: "É a mesma história de sempre. Eles querem desgastar o Pogacar. Não estavam com intenções de vencer esta etapa. Eles estão a preparar tudo para essa última semana infernal."

Com a montanha a aproximar-se e os duelos a endurecerem, a recuperação de João Almeida poderá ser determinante para o desfecho da Volta a França de 2025. Para já, Pogacar vestiu novamente de amarelo, mas o tom da festa ficou inevitavelmente esbatido.