Mathieu van der Poel levou a melhor sobre Tadej Pogacar no passado fim de semana, numa Milan-Sanremo de cortar a respiração. O neerlandês respondeu a todos os ataques do campeão do mundo nas subidas da Cipressa e do Poggio, acabando por triunfar num sprint a três frente ao próprio Pogacar e a Filippo Ganna. Apesar deste desaire para o esloveno, Sean Kelly, lenda irlandesa do ciclismo, acredita que Pogacar continua a ser o grande favorito para a Volta à Flandres.
Embora Van der Poel tenha conseguido igualar - e até contrariar - os sucessivos ataques de Pogacar nas rampas italianas, Kelly considera que o cenário na Flandres será bem diferente. "O Oude Kwaremont é uma subida completamente distinta. É longa, em paralelepípedos, e arrasta-se bastante. Pogacar pode colocar Van der Poel em dificuldades aí, mais do que conseguiu fazer em Sanremo", sublinha o antigo ciclista, de 68 anos, três vezes segundo classificado na Volta à Flandres. "Van der Poel terá de estar ao seu melhor nível se quiser fazer frente ao Pogacar naquela subida".
Com o esloveno a preparar-se para alinhar em algumas provas antes da Flandres, Kelly analisa os prós e contras de um calendário mais preenchido. "Penso que Pogacar vai correr na E3 Saxo Bank Classic e na Gent-Wevelgem, mas não sei bem porquê. Ele é um ciclista que adora competir, mas essas provas são sempre mais arriscadas — com vento, estradas estreitas, e uma corrida constantemente nervosa. Ao contrário da Milan-Sanremo, são dias onde há mais quedas, mais confusão".
E acrescenta: "Para um ciclista como ele, ganhar a E3 ou a Gent-Wevelgem não tem grande impacto no panorama geral. Ninguém vai lembrar-se disso quando estivermos na Volta a França. E ele também não precisa dessas corridas para se preparar para a Flandres — já tem experiência suficiente. Podia optar por um bloco de treinos mais calmo, ou então correr com segurança, mas Pogacar não é esse tipo de ciclista. Quando sente a adrenalina da corrida, entra no jogo - e é aí que reside o risco".
Kelly acredita que a UAE Team Emirates - XRG poderia ter um papel mais ativo na gestão do calendário do esloveno. "A equipa devia conseguir dizer-lhe: ‘Este programa é demasiado arriscado, não queremos que o faças.’ Mas parece que ele tem liberdade total para escolher o que corre — e isso pode acabar por afetar a sua preparação para o Tour".
Com a vitória em Sanremo, Van der Poel igualou Pogacar com sete vitórias em Monumentos, e ambos começam agora a alimentar o sonho - realista ou não - de completar o conjunto das cinco grandes clássicas do ciclismo mundial. Para Sean Kelly, há hipóteses, mas também obstáculos significativos.
“Tenho a certeza de que ambos estão a pensar nisso — em ganhar os cinco Monumentos. Mesmo que Sanremo pareça ser o mais complicado para o Pogacar”, observa.
“No caso do Van der Poel, acho que não é impossível vencer a Liège-Bastogne-Liège. No ano passado, correu lá sem uma preparação específica, por causa do calendário intenso de Clássicas empedradas, e ainda assim terminou em terceiro, mesmo depois de uma queda num momento-chave. Surpreendeu-me bastante. Por isso, acredito que a Liège está ao seu alcance".
Já quanto à Volta à Lombardia, Kelly é mais cético. “Na Lombardia, as subidas são mais longas, mais duras, e penso que isso torna tudo muito difícil para o Van der Poel. Tal como acontece com o Pogacar em Sanremo — existe uma possibilidade, mas será sempre uma missão muito, muito difícil".
🏆 𝐓𝐡𝐞 𝐆𝐫𝐞𝐚𝐭𝐞𝐬𝐭 𝐏𝐫𝐢𝐦𝐚𝐯𝐞𝐫𝐚.
— Milano Sanremo (@Milano_Sanremo) March 22, 2025
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