Simon Yates aceitou corte salarial para reforçar a Visma: "Penso que me iria arrepender quando terminasse se não soubesse o que era realmente estar numa das melhores equipas"

No ciclismo, o dinheiro não é tudo e, nos bastidores, há uma disparidade de nível entre as equipas do World Tour. A Team Visma | Lease a Bike faz certamente um bom trabalho e a sua principal contratação para a próxima época, Simon Yates, admite que até aceitou uma redução salarial apenas para poder juntar-se à equipa e perceber se ainda pode melhorar, tal como fez Adam Yates ao juntar-se à UAE Team Emirates.

"Quando foi anunciado que eu estava a fazer uma mudança, vi muitos comentários a dizer que deveria haver limites orçamentais. Mas eu aceitei um corte salarial para me juntar à Visma. Por isso, também queria ativamente ir para lá, porque quero fazer parte da melhor equipa", admitiu Yates em declarações ao Cyclingnews. Cian Uijtdebroeks rescindiu o seu contrato com a Red Bull - BORA - hansgrohe no inverno passado para se juntar à equipa, enquanto o belga Victor Campenaerts é também um bom exemplo de um ciclista experiente que vai assumir um papel de gregário, uma vez que na Visma há um padrão de ciclistas que dão um passo em frente em comparação com a sua anterior equipa.

Yates quer certamente descobrir se está disposto a dar esse passo também. "Penso que temos de pensar nisso na perspetiva do ciclista e em querer tirar o melhor partido de si próprio. Tive 11 anos de oportunidades de fazer o meu próprio trabalho nesta equipa e não acho que haja nada de errado em querer ir para uma dessas equipas".

Adam Yates mudou-se da INEOS para a UAE Team Emirates e atingiu o melhor nível da sua carreira, terminando no pódio da Volta a França do ano passado como gregário e obtendo outras grandes vitórias entretanto. "Claro, ele teve uma mudança muito bem sucedida quando se juntou à INEOS. Por isso, não diria que foi a minha inspiração, mas deu-me confiança na minha decisão de que seria uma boa decisão. Somos muito próximos. Discutimos praticamente tudo juntos. E ele tinha a mesma opinião do que eu vos estou a dizer, de que talvez uma mudança fosse boa."

O atleta de 32 anos tinha em mente deixar a equipa esta época e, com a Visma a fazer uma oferta para o contratar, a fim de melhorar as suas fileiras de trepadores contra uma UAE cada vez melhor, o britânico ficou mais do que feliz em aceitar. "É uma oportunidade excitante e penso que era o momento certo para fazer uma mudança. Não estou a ficar mais novo. Mas ainda tenho a motivação. Ainda tenho sentimentos fortes nas pernas. Se o deixasse para mais tarde, começaria a decair, por isso agora é a altura certa para mudar."

Yates terminou em 4º lugar no Tour do ano passado, talvez o seu melhor nível de sempre, mas este ano voltou a ter dificuldades em igualar os melhores nas grandes corridas. "No final do dia, não ir para uma destas super equipas, penso que me iria arrepender quando terminasse se não soubesse o que era realmente estar numa das melhores equipas. A proposta chegou e eu não podia perder uma oportunidade dessas", admite.

Yates estará provavelmente numa posição semelhante à de Matteo Jorgenson, com momentos de liderança, mas provavelmente como apoio a Jonas Vingegaard no seu objetivo de Grand Tour. "Era um papel aberto. Era ter oportunidades e também trabalhar por vezes para outra pessoa. Fiquei completamente satisfeito com isso".

"Continuo motivado para me sair bem e, quer seja para apoiar os meus colegas, quer seja para ganhar eu próprio, nunca me opus a esse papel de ajudar os outros, mas nunca tive a oportunidade de o fazer aqui", concluiu, pondo fim a uma década de trabalho com a Team Jayco AlUla, com a qual se tornou profissional em 2014.