Steff Cras regressa ao palco do pesadelo: “Quero virar a página no País Basco”

Ciclismo
segunda-feira, 07 abril 2025 a 7:00
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Na próxima semana, o pelotão ruma ao norte de Espanha para disputar uma das provas por etapas mais imprevisíveis e seletivas do calendário World Tour: a Volta ao País Basco. Em 2024, a corrida ficou tristemente marcada por uma queda coletiva que abalou o mundo do ciclismo, forçando o abandono prematuro de Jonas Vingegaard, Remco Evenepoel, Primoz Roglic e Steff Cras — com este último a sofrer as lesões mais graves.

O ciclista da TotalEnergies enfrentou um cenário dramático: perfuração pulmonar, uma costela partida e oito fraturas nos processos transversos da coluna. A recuperação foi longa e dolorosa, e muitos duvidaram que voltasse ao mais alto nível.

Agora, um ano depois, Cras regressa ao mesmo terreno que quase ditou o fim da sua carreira. E fá-lo com um objetivo claro: reencontrar-se com o seu melhor nível e apagar as más memórias. “A intenção é regressar a esta corrida para apagar as coisas negativas que lá aconteceram”, afirmou ao Sporza. “Vou com um sentimento de vingança desportiva. Quero recuperar sensações, especialmente tendo em vista a Volta a Espanha, que também passa por aqui. Esta é uma oportunidade de virar a página.”

Surpreendentemente, o belga de 29 anos diz que o trauma do acidente não deixou marcas nem no corpo nem na cabeça. Apesar da violência da queda, garante que não sente receio no pelotão nem nas descidas mais técnicas. “Não tenho medo de me posicionar ou de descer. Fico feliz por não ter ficado condicionado mentalmente.”

Cras também comentou as mudanças na política interna da TotalEnergies, que este ano passou a comunicar as convocatórias com muito pouca antecedência — algo que, na sua opinião, serve para manter os ciclistas permanentemente em forma e disponíveis. “Para o Paris-Nice só soube uma semana antes que ia correr. É um pouco frustrante, dificulta a preparação ideal, mas faz parte da nova abordagem da equipa.”

Quanto à Volta ao País Basco, Cras sabe bem o que o espera: um percurso montanhoso, repleto de mudanças de ritmo, e que quase sempre se decide na etapa final — aquela que habitualmente parece mais uma clássica do que uma jornada tradicional. “A última etapa é onde tudo acontece. O percurso muda todos os anos, mas o guião é o mesmo: um final caótico, onde tudo pode virar. É aí que quero estar em forma e tentar algo mais. Muitas vezes, é no tudo ou nada que surgem as oportunidades de vencer ou subir na geral.”

Cras regressa com ambição, cabeça limpa e a vontade de reescrever a história num dos terrenos mais traiçoeiros do ciclismo. Para um ciclista que já esteve no fundo, só há um caminho: para cima.

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