Talento esquecido foi campeão mundial de júniores, andou nas ruas da amargura, passou pelo pelotão português e chegou à Emirates: "Nenhuma equipa me queria"

Ciclismo
terça-feira, 17 junho 2025 a 1:01
johansen
Os tempos mudam depressa no ciclismo profissional. Em 2017, Julius Johansen sagrou-se campeão do mundo de juniores em Bergen, na Noruega, com um domínio impressionante ao longo da temporada. No entanto, a sua vitória passou quase despercebida aos olhos das grandes equipas. Se esse triunfo tivesse ocorrido hoje, é quase certo que lhe teria garantido um contrato de longa duração com uma equipa WorldTour. Mas para o dinamarquês, o caminho até à UAE Team Emirates - XRG foi tudo menos linear.
"Depois de dominar a época de juniores, ganhei o Campeonato do Mundo em Bergen e, se não fosse um furo, provavelmente também teria vencido o contrarrelógio", recorda Johansen à Rouleur. "Hoje em dia, se fores campeão do mundo de juniores, todas as equipas WorldTour te querem, mas não era esse o caso naquela altura. Nenhuma me queria."
A explicação poderá residir no facto de Johansen ter sido um júnior fisicamente precoce. "Era mais forte do que os outros, ganhava quase todas as corridas", admite. Sem ser sprinter, conseguia eliminar os adversários à base da força. Doze vitórias em 19 dias de competição em estrada nesse ano confirmam o seu poderio.
Julius Johansen na Volta a Portugal 2024
Julius Johansen na Volta a Portugal 2024
Em vez de dar o salto direto para uma equipa WorldTour, Johansen optou por dois anos na ColoQuick, equipa dinamarquesa de desenvolvimento. Em 2020, subiu ao escalão ProTeam com a Uno-X, onde, embora sem repetir o sucesso júnior, mostrou consistência suficiente para despertar o interesse da Intermarché - Wanty. Foi com a formação belga que correu duas edições da Volta a Espanha.
Contudo, no final de 2023, aos 24 anos, ficou sem equipa. "Talvez tivessem expetativas demasiado elevadas em relação a mim, não sei, mas não quiseram continuar comigo", relata. O sonho parecia ter chegado ao fim.

Javier Sola e o renascimento

Em paralelo com a época histórica de Tadej Pogacar em 2024, outro nome ganhava relevância no meio do sucesso: Javier Sola, o treinador espanhol que ajudou Pogacar a conquistar a Trípla Coroa. Curiosamente, foi também ele quem reacendeu a carreira de Johansen.
"A Sabgal tinha um acordo com o Javier, e a meio da época ele começou a treinar-me. Tive muita sorte", confessa o dinamarquês. "Ele viu os meus dados e eu queria provar-lhe que ainda tinha o nível para o WorldTour. Foi um erro eu já não estar lá."
Em setembro, Sola organizou testes na UAE Team Emirates - XRG. "Fiz bons testes, o que despertou o interesse da UAE. Já conhecia o Matxin há muito tempo, e ele disse-me que procuravam um ciclista como eu, alguém para trabalhar na frente do pelotão."
Seguiu-se um período de espera. Finalmente, em novembro, o telefone tocou. "Por sorte, muita sorte, havia uma vaga e disseram que me queriam." O contrato? Apenas um ano. "Disseram-me que tenho uma época para mostrar que ainda pertenço ao WorldTour."
Johansen já deu sinais positivos. Num raro dia sem funções de gregário, terminou em segundo numa etapa da Volta às Astúrias. Se será suficiente para prolongar a estadia na UAE Team Emirates - XRG, o tempo o dirá. Mas, até agora, o ex-campeão mundial de juniores parece ter agarrado esta segunda oportunidade com unhas e dentes.
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