Thymen Arensman, o “outsider” que promete agitar a Volta à Itália

Ciclismo
quinta-feira, 08 maio 2025 a 15:15
arensman
Thymen Arensman inicia a Volta à Itália 2025 com a ambição de dar o salto para os lugares cimeiros da classificação geral. O holandês da INEOS Grenadiers, de 25 anos, chega em excelente forma, depois de vencer uma etapa e terminar em segundo lugar na Volta aos Alpes, além de já ter subido ao pódio no Paris-Nice deste ano. Após dois sextos lugares consecutivos no Giro, Arensman apresenta-se como um dos outsiders mais credíveis para disputar o pódio, apoiado por uma combinação sólida de resistência em alta montanha e capacidade no contrarrelógio.
Na véspera do arranque da corrida, Arensman protagonizou um gesto invulgar para um ciclista do pelotão WorldTour: organizou uma sessão de perguntas e respostas no Reddit, onde respondeu com franqueza e bom humor a questões sobre treino, nutrição, tática e até o regresso à vida normal após três semanas de sofrimento.
Sobre a preparação da equipa para o Giro, revelou bastidores do bloco da INEOS: “É uma mistura. O Egan (Bernal) e o Brandon (Rivera) treinaram na Colômbia, claro. Eu estive na Sierra Nevada com o Lucas (Hamilton) e o Castro (Jonathan Castroviejo). Outros, como o Ben (Turner) e o Josh (Tarling), vieram das clássicas. É tudo muito individual, mas tentamos reunir-nos sempre que possível. Vimo-nos todos aqui na Albânia. No ciclismo, às vezes passas a época inteira sem ver certos colegas. Mas tivemos um bom estágio em novembro, já nos conhecemos todos, haha!”
A partilha de liderança com Egan Bernal será uma das narrativas mais interessantes desta edição. O colombiano é um nome sonante com vitórias no Giro e no Tour, mas as dúvidas sobre a sua forma após a lesão na Clásica Jaén fazem de Arensman, provavelmente, o verdadeiro plano A da INEOS para a geral. Com os seus recentes resultados, o holandês surge como um dos candidatos mais consistentes fora do foco mediático.
Uma das questões mais debatidas na sessão foi sobre nutrição em Grandes Voltas, em particular a ingestão de hidratos em dias longos: “Tal como se treina o coração, os pulmões e a mente, também se treina o estômago! Nos treinos também fazemos dias a 90+ gramas por hora. Nos dias planos ou no início da etapa, tento começar com alimentos sólidos. Se não treinares isso, o teu estômago vai-te trair na corrida.”
Sobre um tema menos técnico, mas comum entre adeptos, foi questionado sobre os efeitos dos gases dos veículos e petardos na estrada: “Por vezes, sim. É horrível, sobretudo em dias de ir ao limite. Percebo que pareça bonito, mas não é. E nas descidas técnicas, com motas por perto, é sempre tenso. Felizmente, nos Alpes não tinha nenhuma mota à frente, haha.”
Apesar da exigência da prova, Arensman mostrou-se bem-humorado e humano nas suas respostas. Quando questionado sobre o que faz depois de completar uma Grande Volta, respondeu com naturalidade: “Provavelmente nada, haha. Acariciar o nosso novo cãozinho, estar com a minha namorada... depois ir a um café, relaxar e desfrutar da calma. Após quatro semanas entre altitude, hotéis e montanhas, voltar à normalidade é uma bênção.”
Sobre a hipótese de protagonizar um ataque à Froome, à distância, respondeu com o pragmatismo de quem vive o ciclismo moderno: “As circunstâncias têm de ser boas. Se tiveres colegas de equipa, estradas abertas... pode ser. Mas desperdiçar energia sem razão numa Grande Volta não faz sentido. No dia em que ataquei nos Alpes, foi mais instinto. Senti as pernas e fui.”
Discreto, metódico e com uma ambição silenciosa, Thymen Arensman pode muito bem ser a ameaça invisível ao pódio em Roma. E, se a montanha falar, ele estará certamente pronto para responder
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