Com a época de estrada de 2024 terminada, chegou a altura dos vereditos finais sobre como as equipas se têm mexido dentro do mercado de transferências e o que esperar dos reforços de cada equipa para 2025.
Com a ajuda do reputado site
ProCyclingStats, fizemos uma analise às performances dos ciclistas nas últimas épocas onde comparamos os resultados obtidos pelos mesmos durante a época de referência (na nova equipa) e a época anterior (na antiga equipa) e temos observado uma tendência bastante notória no que diz respeito às grandes transferências do ciclismo.
Os destaque obvio vai para a excelente janela de transferências de 2024 que viu nomes como
Matteo Jorgenson,
Jonathan Milan,
Mikel Landa e Daniel Martinez todos terem transferências bem sucedidas para as suas novas equipas.
No caso de Mikel Landa, o seu desempenho a nível de pontos foi inferior ao de 2023 mas ainda assim o espanhol apresentou-se a um excelente nível na Soudal - Quickstep onde trabalhou ao serviço de Remco Evenepoel na Volta a França conquistando ao mesmo tempo um 5º lugar na classificação geral, bem como um 8º lugar na Volta a Espanha e um 2º lugar numa Volta à Catalunha completamente dominada por Tadej Pogacar. A principal diferença para 2023 foi o facto de Mikel Landa ter sido menos consistente nas provas de uma semana, onde esteve a um nível excecional em 2023. Infelizmente para Landa esta foi a sua segunda transferência onde revelou estar a um nível inferior do apresentado na sua anterior equipa depois de em 2017 ter realizado a sua melhor época de sempre ao serviço da Movistar ao conquistar a Classificação da Montanha no Giro e ter terminado em 4º lugar no Tour.
Apesar de tudo, Mikel Landa mostrou-se a um elevado nível em 2024 tanto a correr para si como no apoio a Remco Evenepoel
Já Matteo Jorgenson e Jonathan Milan dispensam grandes comentários, os dois foram dois dos principais destaques da época tendo ambos se apresentado num nível superior aos que muitos esperariam, Jorgenson mostrou toda a sua polivalência ao disputar duras clássicas na Flandres e as principais provas por etapas do território francês como o Paris - Nice (que venceu), o Criterium du Dauphiné (que terminou em 2º lugar a apenas 8 segundos de Primoz Roglic) e na Volta a França (onde terminou em 8º lugar na classificação geral, naquela que foi a sua primeira real tentativa de lutar por uma classificação geral, apesar de correr em prol de Jonas Vingegaard).
A Daniel Martinez, por sua vez, parece que lhe fez bem a saída da INEOS, algo que parece ser cada vez mais frequente no pelotão atual, já que passou de um ciclista de quem duvidávamos no que diz respeito a Grandes Voltas para um patamar em que bateu precisamente o líder da INEOS na Volta a Itália e foi o único ciclista a estar abaixo da marca dos 10 minutos em relação ao brilhante Tadej Pogacar no Giro, um feito que é bastante impressionante por si só se tivermos em consideração que no Tour apenas Jonas Vingegaard e Remco Evenepoel conseguiram tal feito já que
João Almeida terminou em 4º lugar a 19 minutos do Camisola Amarela.
E por falar em João Almeida, também é um dos nomes sonantes que consta na lista abaixo. Efetivamente confirmamos que 2022 não foi de todo o melhor dos anos de João Almeida mas muita desta diferença deve-se ao facto de ter abandonado a Volta a Itália numa altura em que estava em 4º lugar e com sérias hipóteses de lutar pelo pódio (que viria a conseguir conquistar em 2023) devido ao Covid-19. Já em 2021, no seu último ano na Deceuninck-Quickstep, o João tinha ganho a Volta à Polónia, bem como a Volta ao Luxemburgo e também tinha registado boas prestações em provas como o UAE Tour, o Tirreno-Adriatico e a Volta à Catalunha bem como em algumas clássicas italianas de fim de época numa época em que no global João Almeida termina em 5º lugar no ranking PCS. Com o passar dos anos não é de esperar que João Almeida procure superar a marca de 2021 pois o papel dele dentro da Emirates não é correr para dar pontos à equipa mas sim ajudar a equipa a cimentar o seu legado como a maior equipa dentro do pelotão internacional, e isso pode implicar por vezes ter de abdicar das suas ambições pessoais como foi o caso de 2024 quando esteve ao serviço de Tadej Pogacar na Volta a França e de Adam Yates na Volta à Suiça. Ainda assim acreditamos que o João terá as suas próprias oportunidades para brilhar, e se não for travado por doenças sabemos que é um ciclista que normalmente garante sempre resultados sólidos.
João Almeida foi segundo numa Volta à Suiça que podia perfeitamente ter vencido, não tivesse estado frente-a-frente com o seu companheiro de equipa Adam Yates
Dentro da lista abaixo poucos outros são os nomes que apresentam bons resultados nas transições para novas equipas, mas entre esses nomes destacamos alguns dos grandes campeões da última geração, como
Alberto Contador,
Vincenzo Nibali e um ciclista que foi companheiro de equipa de ambos, o tri-campeão mundial
Peter Sagan.
Peter Sagan transferiu-se em 2015 para a Tinkoff, onde foi companheiro de equipa precisamente de Alberto Contador no ano em que ele vence a sua última Volta a Itália. Peter Sagan estava a entrar naquele que seria o pico da sua carreira ao conquistar os 3 títulos mundiais consecutivos e inúmeras camisolas verdes na Volta a França.
Já Alberto Contador em 2017 transferiu-se para a Trek e quis despedir-se do ciclismo profissional ainda a um elevado nível na estrada. Foi segundo no Paris-Nice, Volta à Catalunha e Volta ao País Basco tendo posteriormente se despedido do Tour com um 9º lugar e pendurado a bicicleta depois de uma Vuelta onde termina em 5º lugar e registou a sua última pistolada ao vencer no Alto de l'Angliru.
A pistolada final de Alberto Contador, no Alto de l'Angliru em 2017
Por fim Nibali em 2017 viria a dar os últimos ares do grande ciclista que foi ao transferir-se para a recem-formada Bahrain Merida. Vindo de uma vitória no Giro em 2016, conseguiu terminar no pódio final do Giro e da Vuelta em 2017 bem como vencer a Volta à Lombardia. Este foi o último grande ano de Nibali, que ainda assim veio a vencer a Milan-Sanremo em 2018 mas não obteve mais qualquer resultados de renome desde então. Seguiram-se transferências para a Trek-Segafredo e a Astana que não foram de todo bem sucedidas.
Resta saber o que esperar de ciclistas como Julian Alaphilippe, Tom Pidcock, Simon Yates ou Ben O'Connor, que são os principais ciclistas que vão mudar de cores em 2025!
Ano | Ciclista | Resultado | Pontos na última época pela antiga equipa | Pontos na primeira época pela nova equipa |
2024 | MILAN Jonathan | Melhor | 597 | 1281 |
2024 | JORGENSON Matteo | Melhor | 988 | 1466 |
2024 | LANDA Mikel | Pior | 1297 | 1074 |
2024 | MARTINEZ Daniel Felipe | Melhor | 232 | 766 |
2023 | ARENSMAN Thymen | Pior | 1053 | 285 |
2023 | YATES Adam | Melhor | 1132 | 1947 |
2023 | CARAPAZ Richard | Pior | 1232 | 554 |
2023 | KRISTOFF Alexander | Pior | 1410 | 756 |
2022 | NIZZOLO Giacomo | Pior | 1068 | 527 |
2022 | ALMEIDA João | Pior | 1714 | 978 |
2021 | KELDERMAN Wilco | Pior | 942 | 819 |
2021 | PORTE Richie | Pior | 1135 | 784.5 |
2020 | QUINTANA Nairo | Pior | 1292 | 747 |
2020 | BENNETT Sam | Pior | 1307 | 1086 |
2020 | TRENTIN Matteo | Pior | 1605 | 414 |
2020 | VIVIANI Elia | Pior | 1928 | 356 |
2019 | IZAGIRRE Ion | Pior | 1269 | 933 |
2018 | LANDA Mikel | Pior | 1357 | 866 |
2018 | VIVIANI Elia | Melhor | 1381 | 2237 |
2018 | MARTIN Dan | Pior | 1579 | 997 |
2018 | KRISTOFF Alexander | Pior | 2132 | 1398 |
2017 | MATTHEWS Michael | Melhor | 1156 | 1728 |
2017 | NIBALI Vincenzo | Melhor | 1178 | 1761 |
2017 | COLBRELLI Sonny | Igual | 1183 | 1112 |
2017 | IZAGIRRE Ion | Pior | 1325 | 841 |
2017 | CONTADOR Alberto | Melhor | 1595 | 1708 |
2017 | SAGAN Peter | Pior | 3315 | 2218 |
2016 | KWIATKOWSKI Michał | Pior | 1053 | 623 |
2016 | MORENO Daniel | Pior | 1165 | 536 |
2016 | URÁN Rigoberto | Pior | 1277 | 713 |
2016 | PORTE Richie | Pior | 1357 | 1185 |
2015 | MOLLEMA Bauke | Igual | 1156 | 1145 |
2015 | BOUHANNI Nacer | Igual | 1198 | 1139 |
2015 | SAGAN Peter | Melhor | 1720 | 2336 |