A luta pela permanência no World Tour está a ganhar intensidade à medida que a temporada de 2025 avança. O que no início do ano parecia ser um duelo direto entre a Cofidis e a XDS Astana Team virou-se agora contra a
Team Picnic PostNL, que começa a destacar-se - pela negativa - como a formação mais ameaçada na tabela do Ranking UCI.
A equipa neerlandesa soma atualmente cerca de 500 pontos a menos que a Cofidis e vê a sua vantagem de apenas 1200 pontos sobre a Astana esbater-se semana após semana. O momento delicado levou mesmo uma das jovens promessas da equipa, o dinamarquês
Tobias Lund Andresen, a reconhecer publicamente os problemas que a formação enfrenta.
“É sempre divertido nos bons momentos, mas neste momento as coisas não estão a correr muito bem”, confessou o ciclista de 22 anos em entrevista à Feltet.dk. “Este ano, sinto que a mentalidade tem sido demasiado fraca.”
Andresen evocou o espírito colectivo que, segundo ele, foi determinante em épocas anteriores. “Há alguns anos, usámos o exemplo de um cão selvagem africano, uma hiena, que caça sempre em grupo e é o único animal que os leões não atacam porque eles estão sempre juntos. É isso que se quer representar numa bicicleta. No ano passado, não falámos disso… Penso que cabe um pouco mais aos treinadores agarrarem-se a isso.”
Apesar da crítica, o dinamarquês acredita que a equipa está a tentar corrigir o rumo. “Penso que estamos no bom caminho. Penso que nos concentrámos muito no último mês para voltar a ter essa mentalidade.” E reforça o seu papel nesse processo: “Acho que é muito motivador poder dar a volta por cima e ser uma das forças motrizes. Acho que devo ser assim se a equipa quiser sobreviver. Por isso, estou ansioso por isso.”
Assumir responsabilidades é, para Andresen, parte essencial da construção de uma nova cultura interna. “Também é mais fácil criar uma cultura se formos um dos líderes da equipa e criarmos os resultados. É difícil ser um domestique e dizer aos líderes o que devem fazer. Por isso, é sempre mais fácil criar uma cultura se estivermos a ganhar as nossas próprias corridas.”
Contudo, reconhece que ainda não conseguiu corresponder em pleno às expectativas. “Não me tenho saído suficientemente bem em termos de liderança. Estive parado no último mês e a tentar recuperar. É difícil chegar a uma corrida e liderar se não tivermos a confiança… Se não sentirmos que estamos no nosso melhor nível, é embaraçoso esperar muito dos outros.”
No horizonte da equipa, Andresen vê esperança nos nomes de dois jovens britânicos: Oscar Onley e Max Poole. “Se olharmos para o papel, o Oscar Onley é um dos melhores do mundo. E o Max Poole tem potencial para o ser. Se tivermos dois dos maiores talentos do mundo, é em torno deles que devemos construir o nosso futuro.”
Com o pelotão World Tour cada vez mais competitivo, a Team Picnic PostNL terá de recuperar terreno rapidamente se quiser evitar uma descida que, há poucos meses, parecia improvável. A chave poderá estar menos nas pernas e mais na mentalidade.