Tadej Pogacar vai apresentar-se na Volta a França de 2025 como principal favorito à vitória. Três vezes vencedor da prova, inclusive em 2024, e atual campeão do mundo, o esloveno tem dominado o ciclismo de forma quase impenetrável nas últimas duas temporadas, para desespero crescente das principais equipas do pelotão.
Há uma velha máxima no boxe que diz que todos os lutadores têm um plano, até levarem o primeiro murro. Para muitos rivais de Pogacar, correr contra ele tem sido precisamente isso: levar murros sucessivos, sem tempo para recuperar. A supremacia do líder da UAE Team Emirates não se mede apenas em vitórias, mas na forma como neutraliza a concorrência mesmo quando esta atinge os seus próprios limites.
A
Team Jayco AlUla é uma das formações que tentará inverter essa lógica no Tour de 2025. Com Ben O'Connor como chefe-de-fila, segundo classificado atrás de Pogacar no último Campeonato do Mundo, os australianos sabem que terão pela frente uma missão hercúlea mesmo com um corredor em ascensão.
"É difícil encontrar uma resposta para a questão de como competir com um ciclista como Pogacar. Ele parece estar sempre a melhorar", reconhece Peter Leo, treinador da Jayco, em
declarações ao Velo. "Talvez venhamos a descobrir mais no futuro, mas por agora, por vezes é difícil compreender o que vemos, tendo em conta os dados que recolhemos dos nossos próprios ciclistas nas mesmas corridas."
A perplexidade técnica está longe de ser apenas uma questão emocional. Leo e a sua equipa de performance enfrentam uma realidade desconcertante: mesmo quando os seus ciclistas batem recordes pessoais (em potência, tempo de subida ou intensidade) continuam a sair derrotados com clareza. “Está a tornar-se uma grande frustração para nós”, admite. “Vemos os nossos ciclistas a alcançar vários recordes pessoais, mas ainda assim não chega para seguir Pogacar e os outros ciclistas de topo.”
Esse "fosso de rendimento" levanta questões estruturais, tanto a nível fisiológico como estratégico. O treinador admite que o fenómeno ultrapassa os modelos de comparação convencionais. “É difícil para nós compreender o que eles estão a fazer e porque não os conseguimos igualar”, continua. “Fazemos o que está ao nosso alcance, mas não existe uma ‘fórmula mágica’.”
A luta contra Pogacar, assim, não é apenas uma questão de watts ou planos táticos: é um confronto contra a própria redefinição do que é possível num ciclista de Grandes Voltas. A Jayco AlUla, como muitas outras, entra na Volta a França não só a competir com o esloveno, mas a tentar decifrá-lo e até agora, ninguém encontrou a solução.