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Team Visma | Lease a Bike teve uma
Volta a França de altos e baixos, marcada pela frustração na luta pela classificação geral, mas também por um momento redentor protagonizado por
Wout van Aert. Num Tour dominado por Tadej Pogacar, a formação neerlandesa foi a única a oferecer resistência séria ao esloveno, embora essa aposta clara na geral tenha, por vezes, comprometido a agressividade tática em busca de triunfos de etapa. No entanto, tudo mudou no último dia, com Van Aert a assinar uma vitória memorável em solitário nos Campos Elísios, selando o Tour com classe.
"Todas as vitórias de etapa no Tour são importantes, mas esta é fantástica para o Wout e para nós", declarou o diretor Merijn Zeeman ao Sporza. “O Wout não chegou aqui no seu melhor, e a corrida também foi muito difícil. Todos os dias foram muito rápidos e os ciclistas da geral estavam sempre a atacar. Essa combinação, não estar em grande forma e enfrentar um Tour tão exigente, tornou tudo mais complicado. As suas melhores etapas foram logo na primeira semana, mas nesta edição era preciso estar a 100%. O nível era elevadíssimo.”
A época de Van Aert tem sido marcada por desafios físicos e algumas incertezas. Na Volta à Itália, o belga chegou adoentado e perdeu tempo nos primeiros dias, mas redimiu-se com uma exibição de classe na etapa dos sterrato, vencendo diante de Isaac Del Toro. A partir daí, foi figura decisiva no sucesso de Simon Yates, nomeadamente na jornada alpina do Colle delle Finestre, onde integrou a fuga e deu apoio crucial ao britânico no seu ataque decisivo.
Na Volta a França, o cenário repetiu-se: Van Aert voltou a começar com dificuldades e longe das melhores sensações. Ainda tentou marcar presença nas fugas da primeira semana, mas faltou consistência nas subidas. A partir da segunda metade da corrida, tornou-se presença assídua nos grupos em busca da vitória em etapas, sem sucesso… até Paris.
Foi na 21.ª e última etapa que as peças finalmente encaixaram. A Visma apareceu coesa num dia de tensão e chuva, com Van Aert a lançar um ataque incisivo na subida a Montmartre. Numa movimentação surpreendente, conseguiu isolar-se e deixou para trás um grupo onde até Pogacar não resistiu ao ritmo. A imagem de Van Aert isolado nos Campos Elísios, num dia cinzento e escorregadio, foi o desfecho ideal para uma jornada que parecia destinada a um sprint em pelotão compacto. "Mas o Wout continuou a acreditar, mesmo no último fim de semana", sublinhou Zeeman. "Nas primeiras etapas era evidente que ele não conseguia acompanhar o nível, mas o ciclismo é justo. O Wout não desistiu, continuou a trabalhar e a acreditar. E agora está a ser recompensado."
A vitória em Paris não só lavou a alma da equipa como confirmou que, mesmo numa temporada turbulenta, Van Aert continua a ser um dos ciclistas mais imprevisíveis e espetaculares do pelotão. Num Tour em que a glória da geral escapou, a classe e perseverança do belga ofereceram à Visma um final à altura da sua ambição.