Vencedor da Maglia Rosa em 2023,
Primoz Roglic regressa à
Volta a Itália este ano como o homem a bater. Agora ao serviço da Red Bull – BORA – Hansgrohe, o esloveno parte como principal candidato à vitória final, mas enfrentará uma concorrência de alto nível, num pelotão repleto de nomes capazes de lhe roubar o protagonismo. E nem todos acreditam que o triunfo será assim tão acessível.
No podcast Approved, o experiente treinador esloveno Primoz Cerin deixou um aviso claro ao seu compatriota. "As etapas mais difíceis estão concentradas na terceira semana e o início na Albânia vai ser particularmente interessante. As questões passam pelas condições das estradas, o alojamento, a adaptação das equipas. Os favoritos terão de mostrar-se desde cedo, ainda na Albânia", começou por analisar.
Um dos pontos-chave poderá ser o contrarrelógio de abertura, que pode favorecer Roglic. "Em teoria, sem dúvida. Quem fizer um bom contrarrelógio terá logo uma vantagem importante", destacou Cerin. "Temos o Primoz, depois o Juan Ayuso, e até certo ponto os irmãos Yates. O Mikel Landa, por exemplo, já parte em desvantagem. O Richard Carapaz está num nível semelhante ao do Landa, mas o Egan Bernal pode ter um pouco mais. É mais jovem e, em certa medida, está a tornar-se mais regular".
"Nairo Quintana, por outro lado, está claramente em declínio. Nos contrarrelógios, tem regredido nos últimos anos. Já o Antonio Tiberi é um dos jovens que pode surpreender - tem talento, é forte no esforço individual, mas veremos como se comporta numa prova com três semanas", acrescentou. "E há ainda ciclistas como Wilco Kelderman, Thymen Arensman, Louis Meintjes ou Giulio Ciccone. Há muitos nomes com potencial para surpreender".
Roglic venceu o Giro enquanto ainda estava na Visma em 2023
Apesar do perfil montanhoso da última semana, Cerin considera que Roglic não se pode dar ao luxo de guardar tudo para o final. A imprevisibilidade do clima nos Alpes italianos é uma variável séria e pode condicionar toda a estratégia.
"Há muitos fatores que as equipas conseguem antecipar: o tipo de estradas, os desafios, o que é preciso fazer taticamente. Mas o clima é imprevisível. Se estiver tudo a ser preparado para ganhar tempo na última semana e, como aconteceu na Vuelta, isso resultar, ótimo. Mas no Giro pode dar-se o contrário: as etapas de montanha podem ser canceladas por causa da neve e aí já não há tempo nem estrada para recuperar", alertou o treinador de 62 anos.
"Se nevar no norte de Itália, tudo pode mudar. As subidas têm uma altitude tão elevada que basta um dia para ficarem intransitáveis. As equipas, incluindo a de Primoz, têm de estar muito atentas a este cenário. Ele não pode desperdiçar tempo no início da corrida, porque a verdade é que talvez nem tenha a hipótese de recuperar depois", concluiu Cerin. "É isso que me preocupa: o tempo pode ser o fator decisivo".