A história dos dois promissores ciclistas da
Soudal - Quick-Step que pararam de correr fez soar o alarme entre os escalões de formação do ciclismo, uma vez que ela não tem precedentes. Pouco se fala das complicações de se tornar num ciclista profissional, nomeadamente o problema do isolamento social.
Já vimos casos como este antes (por exemplo, o supertalento americano Adrien Costa em 2017), mas é raro envolver vários ciclistas da mesma equipa. O antigo ciclista profissional Xandres Vervloesem também interrompeu a sua carreira de ciclista há dois anos, porque o desporto que tanto amava já não o fazia feliz.
"Se queres realmente tornar-te um ciclista profissional, tens de fazer tudo para o conseguir, com o perigo do isolamento social", disse o então ciclista da Lotto. Uma série de contratempos e demasiados sacrifícios mandaram-no abaixo psicologicamente e aos 21 anos deixou de correr. "Durante o meu tempo com as promessas da DSM, perdi a alegria de andar de bicicleta. Tinha-me mudado para os Países Baixos e estava lá isolado, longe dos meus amigos", confessou ao
Sporza.
Natascha Knaven-den Ouden, gestora do projeto NXTG, tenta tornar a visão das jovens ciclistas menos assustadora "dizendo-lhes que não se devem identificar com o que fazem", é a sua visão. "Não se é ciclista, mas pratica-se ciclismo. Porque se nos virmos apenas como ciclistas, então perdemos literalmente a nossa identidade quando deixamos de correr".
Knaven aconselha os seus ciclistas a descobrirem os seus outros talentos para além das corridas. "Como ciclista, não se fica sentado numa bicicleta durante 8 horas. Por isso, ainda temos tempo para desafiar o nosso cérebro e estudar, por exemplo. A certa altura da carreira, podemos descobrir que as corridas já não nos agradam. Nessa altura ainda podem seguir outro caminho".
Knaven também se certifica de que continua a haver diversão suficiente nas suas equipas mais jovens. "Por exemplo, um dos nossos chefes de equipa assistentes faz por vezes pizzas depois da corrida como refeição de recuperação."