Uma marca indelével: 10 anos de Nelson Oliveira na Movistar

Ciclismo
sexta-feira, 03 janeiro 2025 a 11:23
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Nelson Oliveira é imagem de marca da equipa espanhola Movistar Team. É o mais velho da equipa comandada por Eusebio Unzué e está como o Vinho do Porto. “Os anos vão passando e os números vão aumentando”, diz numa entrevista ao Top Cycling.

“Noto a passagem do tempo pelos companheiros; vão uns e vêm outros. Chegamos à mesa e desde que comecei só há dois ou três que estão aqui. O tempo vai passando e vamos notando. Aqui já me tratam como uma família, estão contentes comigo. Para já vejo-me a correr porque estou bem fisicamente, sinto-me com vontade de treinar, tenho a responsabilidade de treinar todos os dias. Provavelmente mais do que tinha quando era mais jovem. A idade é outra, a responsabilidade é outra, se calhar o medo de falhar também é outro. Tento dar tudo nos treinos para que esse medo não se torne uma realidade.”

A equipa espanhola renovou o seu contrato com o seu principal patrocinador até 2029, mas a força financeira já não é a mesma de outros tempos, para fazer frente a equipas milionárias como a UAE Team Emirates - XRG, Team Visma | Lease a Bike ou a mais recente Red Bull- BORA hansgrohe. “O ciclismo evoluiu muito, a maneira de correr e de treinar também. Há sempre aspetos que temos que melhorar. Há uns anos não comíamos o que comemos agora, ou seja, havia uma filosofia diferente do que era a nutrição em corrida, nos treinos. A nível nutricional evoluímos, há mais energia no corpo e isso reflete-se nos números. Nos últimos quatro anos os meus números não foram piorando, tenho-me mantido, tem a ver com trabalho, alimentação e disciplina.”

Nelson Oliveira entra na sua 10ª temporada ao serviço da Movistar em 2025
Nelson Oliveira entra na sua 10ª temporada ao serviço da Movistar em 2025

Nelson Oliveira tem um inicio de temporada que passará por Portugal, pela Figueira Champions Classic, mas mais à frente irá juntar-se a Enric Mas, o líder da equipa que tem como principal objectivo o Tour, onde falhou em 2024. “Provavelmente irá preparar o Tour de forma diferente. O stress que se vive no Tour é diferente do que se vive na Vuelta. O mediatismo é diferente, provavelmente pode-o afetar ou não, não sei dizer. Tem mantido o rendimento, tem margem de melhora e poderá evoluir em alguns aspetos porque no ciclismo melhorar um por cento já é muito. No Tour já se sabe, entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard vai haver fogo de artifício por todo o lado, quando estão os dois é para ver quem faz 3.º mais ou menos.”

Falou em Pogacar e em Vingegaard, que têm gladiado entre eles o trono da Volta a França nos ultimos anos, pelo que será impreterível a questão. O que é que eles têm, que está a faltar aos rivais para tentar igualá-los. “É o método de treino, a fisionomia, o ADN. São melhores do que os outros em muitas coisas, mas não em tudo. Pões o Vingegaard a fazer um contrarrelógio de um dia e não o faz tão bem como numa grande Volta. O Pogacar também não vai ganhar um contrarrelógio no Mundial… até ver. Ao lado do Ganna ou do Remco é favorito, mas não como no Tour.”

Nelson vai para a 10ª temporada ao serviço da Movistar, como referido, mas tem números que por vezes passam ao lado dos menos atentos. Já participou em 21 Grandes Voltas na sua carreira e é o ciclista no activo que está há mais tempo sem abandonar uma corrida: 208. Afinal qual é o segredo, qual é a receita para tal registo. “Não há receita. É não ter azares, saber o que estamos a fazer e seguir para a frente sem pensar em muita coisa. Não tenho tido azares ao ponto de abandonar.”

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