Cinco anos depois de ter vencido a
Strade Bianche,
Wout van Aert regressou às ruas brancas de Siena para assinar uma das vitórias mais emocionantes da sua carreira. Na 9ª etapa da
Volta a Itália 2025, num cenário digno de Clássica, o belga da
Team Visma | Lease a Bike impôs-se com raça, inteligência e sofrimento para alcançar finalmente a sua primeira vitória do ano, pondo fim a um ciclo marcado por lesões, infortúnios e frustrações.
"É fácil dizer que esta vitória significa muito para mim… mas é difícil explicar. Tinha de ser aqui. Foi neste sítio que a minha carreira na estrada começou, em 2018. E vencer de novo, depois de tudo… é uma sensação muito boa", confessou van Aert, visivelmente emocionado no final.
A etapa, recheada de setores de terra batida e com um traçado técnico e explosivo, foi tudo menos convencional. Van Aert, que tinha sofrido com uma doença nos primeiros dias de prova, aproveitou o terreno que melhor conhece para mostrar, de novo, a sua melhor versão. O belga teve liberdade dentro da sua equipa e esteve sempre atento aos movimentos da INEOS Grenadiers e de um fortíssimo
Isaac del Toro, que viria a vestir a Maglia Rosa.
“Tenho de dizer que ele [Del Toro] fez uma prova fantástica”, reconheceu Van Aert. "Senti-me mal por não o ajudar mais, mas ele é concorrente direto do meu colega de equipa Simon Yates. Tive de o deixar puxar…"
Foi no icónico empedrado da Via Santa Caterina, com inclinações que ultrapassam os 16%, que o duelo se decidiu. Del Toro lançou o ataque, mas van Aert aguentou a roda com sofrimento visível. E foi aí, conhecendo o percurso como poucos, que lançou a ofensiva final. Passou para a frente arriscando na penúltima curva e segurou a vantagem até à linha, não sem drama.
"O lactato estava em todo o lado e não fiz uma boa última curva… quase caí. Mas quando se está na primeira posição aqui em Siena, está-se perto da vitória. Aprendi isso nas Strade Bianche".
Com esta vitória, a 50.ª da sua carreira, Van Aert não só volta a vencer como reafirma a sua presença entre os grandes, num ano em que muitos duvidaram da sua capacidade de regressar ao topo. A vitória em Siena, num dos palcos mais simbólicos do ciclismo moderno, tem um sabor especial - quase uma redenção pessoal e um lembrete de que, mesmo depois de lesões, derrotas e incertezas, os campeões sabem sempre como encontrar o caminho de volta.