Poucos ciclistas têm sido tão consistentes na
Paris-Roubaix como
Mathieu van der Poel. No passado domingo, a superestrela holandesa alcançou a sua terceira vitória consecutiva no "Inferno do Norte", resistindo a uma feroz oposição de Tadej Pogacar e triunfando a solo no velódromo de Roubaix.
Embora muitos tenham identificado a queda do esloveno como o momento-chave da corrida, o experiente comentador
Michel Wuyts viu o verdadeiro ponto de viragem bem mais cedo. No seu podcast Wuyts & Vlaeminck, destacou uma jogada específica como decisiva para mais uma exibição dominadora de Van der Poel: “O que ele fez no final da Floresta de Arenberg... aqueles ataques repetidos — para mim, foi um toque de génio. Simplesmente brilhante.”
Wuyts elogiou a forma como o Campeão do Mundo impediu que o grupo principal se reorganizasse após um dos pontos mais críticos da corrida: “Ele impediu que a corrida se reagrupasse, o que significava que nenhum outro grupo poderia escapar-se. Era exatamente isso que ele queria — manter o controlo. Por isso, passou à ofensiva e levou com ele apenas aqueles que estava disposto a ter ao seu lado.”
Segundo Wuyts, a inteligência táctica aliada à força bruta tem sido uma constante na carreira de Van der Poel, que tem o hábito de brilhar quando está sob pressão: “É a sua assinatura: quando está sob pressão, ele supera-se a si próprio. Isso acontece sempre. Basta olhar para a E3 Saxo Classic do ano passado — o Wout van Aert chegou a estar a dez segundos, mas o Mathieu recusou-se a ceder. Esses dez segundos transformaram-se num minuto e meio.”
E mesmo este ano, diz Wuyts, vimos um cenário semelhante: “A E3 deste ano contra o Mads Pedersen foi a mesma história. Quinze segundos, depois vinte, depois recuou um pouco — lutou durante vinte quilómetros e acabou por fazer a fuga decisiva. Van der Poel nunca quebra.”
O belga conclui com um retrato claro da essência do holandês: “Já aconteceu setenta ou oitenta vezes no ciclocrosse contra Van Aert. O Van der Poel ataca, o Wout tenta reduzir a diferença, mas não consegue. Deixem-no confiar nos seus instintos — não o sobrecarreguem com dados e tecnologia. Ele é Van der Poel: nasceu para isto e está disposto a atravessar a dupla parede negra do sofrimento. Não se enganem — ele sofreu em Paris-Roubaix.”
Mais do que força, Van der Poel demonstrou, uma vez mais, que também nas clássicas o ciclismo se vence com instinto.