Iuri Leitão e Rui Oliveira fazem história nos Jogos Olímpicos de Paris 2024: "Depois de tanto sofrimento, de tantos dias complicados, conseguir chegar aqui parece impossível"

Pista
sábado, 10 agosto 2024 a 20:42
ruioliveira iurileitao
Iuri Leitão e Rui Oliveira fizeram história para o ciclismo e para o desporto português, ao ganhar o ouro no Madison! Os números não mentem. É a primeira medalha de ouro de Portugal, fora do atletismo, a quarta medalha para a comitiva portuguesa em Paris, tornando-se assim na melhor campanha olímpica de todos os tempos para os portugueses. Iuri Leitão é mesmo o primeiro português a ganhar duas medalhas na mesma edição dos Jogos.
"Eu acho que vou ser um bocadinho repetitivo, mas se eu ainda não consegui dirigir a medalha de quinta-feira, esta muito menos. Eu não posso mentir, eu de início vinha com muito boas sensações, mas depois daquele nosso primeiro arranque, eu senti-me bastante vazio, eu vinha com as pernas muito más." admite Iuri à RTP, após a corrida. "Eu avisei o Rui que não estava num bom dia, tentámos guardar ao máximo porque sabíamos que a prova ia ser muito fatigante e que podíamos tirar partido da parte tática e da nossa paciência, costuma ser um dos nossos pontos fortes e acabámos por surpreendê-los."
Rui Oliveira estava sem palavras, ao princípio nem sabia o que dizer, pelo que foi Iuri Leitão a enfatizar o trabalho e os anos de dedicação á modalidade. "São tantos anos, são tantos meses, são tantas horas de esforço contínuo, são tantos dias maus porque todos os atletas de alto rendimento sabem que são 95% de dias maus e 5% de dias bons. E depois de tanto sofrimento, de tantos dias complicados, conseguir chegar aqui parece impossível. E eu nem sei se estou a sonhar, se estou acordado e acho que o Rui está igual a mim".
Iuri Leitão conquistou a medalha de prata no omnium, na última quinta-feira
Iuri Leitão conquistou a medalha de prata no omnium, na última quinta-feira
Rui Oliveira falou sobre a estratégia que Portugal adotou ao longo da corrida. "O Iuri acabou de fazer um feito extraordinário há dois dias. Nós não estávamos, se calhar, no top 7 das equipas favoritas. Arriscámos nas últimas 50 voltas. O Iuri disse-me 'Vamos arrancar' e eu disse 'Vamos esperar mais um pouco, vamos criar um pouco mais de fadiga'. E eu acho que as últimas 30 voltas foram nossas, eu não sei quantos sprints ganhámos, mas eu senti que estávamos mais fortes." admite o vice-campeão nacional de fundo.
Rui lembrou-se também de uma fase específica da preparação para a campanha olímpica. "E parece que estávamos a ter um dejá vu, porque há duas semanas, fizemos uma simulação no velódromo de Anadia em que fizemos 200 voltas atrás da mota, as últimas 25 fizemos sozinhos e eu pensei que estava a fazer esse treino na pista e eu sabia 'são duas voltas à morte e depois é descansar um bocado e depois, mais duas, eram pouco mais de cinco minutos' e eu nem olhei para o placard, eu só queria pontos, pontos, pontos. Eu acho que ali a 7 voltas olhei, estávamos em segundo ou primeiro. Eu penso que estava a viver um sonho nestas últimas 7 voltas e ainda não me acredito que vamos subir ao pódio"
Iuri Leitão deu também a sua impressão do que foi a prova olímpica de Madison e até citou Rui Oliveira. "Não somos só nós que queremos vencer. Quando há ataques de equipas fortes, não temos de ser nós a responder diretamente, não temos de ser nós a desgastar-nos. Até porque nós demos a sensação às outras equipas de que nós estávamos mais desgastados e isso acabou por induzi-los em erro. Eles acabaram por fazer um trabalho redobrado e pegando nas palavras que o Rui disse, que ele amenizou um bocadinho 'vamos deixá-los matarem-se e depois arrancamos' e foi isso que nós fizemos".

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