Iuri Leitão é Prata em Paris "Fiz uma jogada audaz e deu certo... aproximei-me do segundo lugar e acabei por conseguir trazer a prata"

Depois de se ter sagrado Campeão do Mundo de Omnium, Iuri Leitão conseguiu mais um feito notável para o ciclismo português. O atleta de Viana do Castelo esteve brilhante mais uma vez e esta tarde em Paris conquistou a Prata para o nosso país. No final da corrida e já depois de ter subido ao pódio, Iuri deu uma entrevista à RTP.

"Foi um dia, uma tarde muito intensa. Sabíamos que a concorrência ia estar muito forte, não tínhamos a certeza de como é que eu ia estar. A preparação foi boa, embora tenha tido uma queda há três semanas que pode ter condicionado um pouco. Estávamos muito reticentes daquilo que poderia ou não fazer. A verdade é que o dia foi correndo bem, tentamos minimizar ao máximo os erros. Penso que a corrida foi praticamente perfeita, usando as forças que eu tinha conseguindo jogar taticamente. Fui acreditando pouco a pouco. No final, consegui escalar para o segundo lugar, consegui entrar na luta pela pelo ouro. Ainda acreditei que pudesse ser possível, tentei disferir um último ataque, tentando aproveitar a fadiga dos adversários, mas a verdade é que o francês estava mais forte e é um justo vencedor."

Na corrida por eliminação, estranhamos a saída tão cedo da disciplina do Vianense, mas ele justificou-se, tudo porque não ouviu a sineta "É difícil dizer agora, porque se não tem acontecido aquela situação, a situação de corrida poderia ter sido outra. A verdade é que eu penso que o erro não é meu, não quero estar aqui a desculpar-me ou passar a culpa para outra pessoa. Tenho que rever a situação para ver exactamente o que é que aconteceu. Eu não ouvi a sineta, se foi tocada, foi tocada muito tarde, eu estava numa volta bastante descontraída, eu subi na pista para analisar a situação de corrida, pensei que a eliminação ia ser na volta a seguir, fiquei muito surpreendido, não era altura de eu sair, ainda tinha forças para continuar, mas a verdade é que temos que seguir em frente."

Não fosse esse contratempo e a cor da medalha poderia ter sido outra "Não está nas nossas mãos decidir aquilo que acontece, penso que o erro não foi meu, mais uma vez, não vou ateimar ou dizer que não foi culpa minha, eu vou ter que rever isso, mas na verdade não podia fazer nada depois daquilo que está feito e bola para a frente , como se costuma dizer, e vamos para a última corrida."

Agora que tem a medalha de prata nas mãos a pressão que sente já não é tanta. "A verdade é que não, as expectativas que eu tinha são exactamente aquelas que eu disse, eu não escondi nada, como disse no princípio não tinha certeza de qual era o meu estado forma. O mais importante não é o nosso estado de forma, é o nosso estado de forma comparativamente com os nossos adversários. É o que realmente interessa, porque nós temos é que ser mais forte que nossos rivais."

Mas a queda, a preparação, a concorrência que era elevada... "Eu não tinha bem a certeza. Sabia que que tinha feito uma boa preparação, não sabia se estava na mesma forma do que no ano passado. Mas o que eu tinha certeza era que a lista de partida era muito mais difícil do que tinha encontrado no ano passado, foi a prova com o maior nível que já tive na minha vida. Estava muito reticente aquilo que pudesse acontecer. Eu, desde o início que pensava no top oito, eu comecei em sétimo, estava satisfeito, estava a pensar defender essa posição e se analisarmos a última corrida, eu respondia muito mais aos ciclistas que estavam atrás de mim em quarto, quinto e sexto, do que aqueles que estavam à minha frente. Eu tinha o pensamento sempre atrás e não à frente."

Contente com o sétimo lugar, a espreitar o ouro a dada altura, o que é certo é que passo a passo, começou a acreditar e depois foi agarrar a oportunidade com unhas e dentes como é seu timbre "A verdade é que acabei por fazer uma jogada audaz e deu certo, e tive a capacidade suficiente para fazer essa diferença, aproximei-me do segundo lugar e acabei por conseguir trazer a prata." finalizou Iuri.