A alta velocidade: 2024 foi o mais rápido de sempre do worldtour

No top 10 dos dias mais rápidos do ano pontificam duas clássicas, uma delas é uma presença natural, visto tratar-se de uma corrida maioritariamente plana, a BEMER Cyclassics, corrida a 48,449km/h, mais estranho é a presença da Paris - Roubaix neste ranking: o solo de 60 quilómetros de Mathieu Van der Poel terminou no Velódromo de Roubaix, com o neerlandês a fixar a média nos 47,802 km/h, um registo impressionante!

Apesar de não fazerem parte das corridas mais rápidas do ano no cômputo geral, destaco outras duas corridas de um dia que se correram a alta velocidade, face aos metros de desnível positivo acumulado que tinham: a Volta à Flandres e o Campeonato do mundo. No caso da Flandres, a corrida tinha 2100 metros de desnível positivo acumulado e foi feita a uns impressionantes 44,481 km/h, com Van der Poel a ser também o vencedor final.

No campeonato do mundo, Pogacar deu show com um ataque a 96km do fim e cumpriu os 274km de prova a uma velocidade média de 42,41 km/h, numa jornada com 4291 metros de desnível positivo acumulado! Façanhas individuais que entraram para os livros da história, mas a alta velocidade também se registou em etapas mais tradicionais e com final ao sprint.

A 4ª etapa do Renewi Tour foi a corrida mais rápida de 2024, uma jornada plana com 178 quilómetros, correu-se a velocidade média de 49,325 km/h e foi ganha ao sprint por Jasper Philipsen. O belga tem também o segundo registo mais rápido, foi na 13ª etapa do Tour, em nova vitória ao sprint. A média registada neste dia foi de 48,821 km/h, num dia já com algum acumulado, 1800 metros. No entanto, esta não foi a etapa mais rápida da história da Grande Boucle, esse registo pertence à 4ª etapa do Tour de 1999, os 194 km de Laval-Blois fizeram-se a 50,36 km/h.

As razões para estes números são variadas, desde o material das bicicletas, que é substancialmente melhor, com bicicletas mais aerodinâmicas e grandes marcas a investir forte, como os casos da Pinarello, Specialized ou o regresso da BMC. A preparação mais evoluída dos ciclistas, com especial ênfase na nutrição, no treino mais eficiente e na recuperação pós-treino também são explicações certeiras. Falando especificamente do treino, sem dúvida que o treino nos túneis de vento tem contribuído para o aumento da velocidade. Por fim, o modo de correr mais agressivo desta geração tem provocado um aumento da velocidade, só Tadej Pogačar acumulou Pogacar 21 fugas este ano! 2025 traz muitos ciclistas jovens ao principal escalão, os grandes "capos" estão cheios de vontade, por isso podemos esperar mais uma temporada muito rápida e com bastante espetáculo!

                                        Velocidade média no worldtour desde o início do século (dados procyclingstats)

2001 – 40,018

2002 – 39,786

2003 – 40,335

2004 – 39,622

2005 – 40,481

2006 – 40,682

2007 – 39,757

2008 – 40,166

2009 – 40,158

2010 – 39,928

2011 – 40,112

2012 – 39,721

2013 – 39,981

2014 – 40,112

2015 – 40,145

2016 – 40,113

2017 – 40,761

2018 – 40,585

2019 – 40,660

2020 – 40,437

2021 – 41,564

2022 – 41,286

2023 – 41,807

2024 – 42,229