A Picnic PostNL aponta os motivos pelos quais tem dificuldades em atrair jovens talentos: "É uma loucura o dinheiro que hoje em dia se paga aos jovens"

Não é segredo para ninguém que as exigências financeiras no ciclismo estão a aumentar. De facto, muitos treinadores de equipas, analistas e outras figuras do desporto pedem limites salariais, na esperança de que se possam equilibrar as forças. Um dos treinadores que se debate com a pressão esmagadora do dinheiro que vem do Médio Oriente é Iwan Spekenbrink, treinador da Team Picnic PostNL, que, apesar dos seus esforços para criar jovens talentos, tem de olhar constantemente por cima do ombro.

"O ciclismo mudou muito desde a Covid. Especialmente em termos da quantidade de dinheiro que circula, sobretudo do Médio Oriente", disse Spekenbrink numa entrevista ao WielerFlits. "Como resultado, alguns orçamentos dispararam, mesmo com exemplos bizarros como a equipa dos Emirados Árabes Unidos. Como equipa, estamos a competir contra países sem um tecto financeiro", analisou. "Não nos devemos queixar, é a realidade e o nosso desafio é ter sucesso contra essas equipas."

Embora Spekenbrink possa compreender por que razão ciclistas como Tadej Pogacar recebem o equivalente ao orçamento anual de uma equipa mais pequena do escalão PRT, o facto de a UAE Team Emirates - XRG conseguir atrair os jovens talentos também é uma demonstração do poder do dinheiro. "É uma loucura o que se paga aos jovens. Esse tipo de dinheiro era dado àqueles que já tinham tido sucesso nas grandes corridas, não a um júnior qualquer."

Então porque é que os jovens devem escolher a Picnic PostNL em vez de uma super-equipa como a UAE? "Nem todos os jovens se adaptam. Sim, nos Emirados Árabes Unidos eles podem correr a um nível elevado, mas muitas vezes os seus resultados são secundários. Nós mostrámos que podemos desenvolver os jovens e nesse sentido não nos consideramos inferiores, diria mesmo que somos melhores nisso", afirma.

"O dinheiro é um factor, mas quando a corrida começa temos todos as mesmas oportunidades. Contamos com ciclistas que optam por ganhar menos, mas que sabemos que vão estar nos finais. Haverá sempre jovens com esse tipo de pensamento e nós temo-los na equipa", concluiu.

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