Para
Remco Evenepoel, subir ao pódio final da
Volta a França já não basta em 2025. A fasquia está mais alta, e por isso o belga apresenta-se com uma preparação significativamente mais apurada no Critérium du Dauphiné, corrida que serve de rampa de lançamento para a Grande Volta francesa.
De acordo com a
Soudal - Quick-Step, Evenepoel chega à prova de preparação com menos 1,5 kg em comparação com o peso que registava na mesma altura no ano passado. A informação foi confirmada pelo preparador físico da equipa, Koen Pelgrim, e pelo próprio ciclista. Contudo, este dado não convence toda a gente.
Alberto Contador, antigo vencedor da Volta a França, lançou um aviso importante durante o seu comentário da segunda etapa no Eurosport.
“Cuidado. De um ano para o outro, perder esse peso pode ser perigoso, a não ser que tenha reduzido massa muscular na parte superior do corpo. Só assim seria possível baixar dois quilos de forma sustentável. Na parte inferior do corpo, que é fundamental para a performance, é muito difícil que tenha cortado tanto”, explicou o espanhol, sugerindo que uma afinação demasiado agressiva pode sair cara.
Contador falou com a experiência de quem também viveu o dilema entre leveza e potência. Segundo o ex-campeão, muitos corredores caem na tentação de procurar o “peso ideal” para as Grandes Voltas, mas esse cálculo pode ser traiçoeiro.
“A maioria de nós já cometeu esse erro. Quando envelhecemos, pensamos mais no assunto, o corpo custa mais a reagir, o metabolismo abranda… e de repente atingimos um peso que parece ideal, mas o corpo entra em colapso”, acrescentou.
Pogacar, Vingegaard e Evenepoel todos com camisolas distintivas à partida da etapa 2 do Criterium du Dauphiné
Uma estratégia arriscada em vésperas do Tour
O caminho que Evenepoel e a Soudal - Quick-Step estão a seguir poderá revelar-se perigoso. A obsessão por perder peso pode comprometer o rendimento ao longo das três semanas, principalmente numa prova como a Volta a França, onde o desgaste é constante e a margem de erro é mínima.
“Esqueçam a Volta a França se isso acontecer. E se vos acontece logo no início da época, podem comprometer o ano inteiro… Conheço outros ciclistas de topo a quem isso já sucedeu”, finalizou Contador, deixando um aviso sério ao jovem belga e à sua estrutura.
Enquanto Evenepoel tenta encontrar o ponto ideal entre leveza e potência, o Dauphiné servirá como teste decisivo para aferir se este novo perfil mais esguio o torna realmente mais competitivo para enfrentar a elite da Volta a França.