Alex Carera explica como e porque é que aconteceu a transferência de Cian Uijtdebroeks para a Movistar

A manhã desta sexta-feira trouxe um dos anúncios mais inesperados da temporada de transferências: Cian Uijtdebroeks vai deixar a Team Visma | Lease a Bike para reforçar a Movistar Team. A mudança, que parecia improvável, foi fechada por acordo entre ambas as equipas e pelo desejo do jovem belga em encontrar um projeto onde pudesse assumir papel de chefe de fila.

O agente do ciclista, Alex Carera, explicou ao Sporza a decisão. “Discutimos com a direção da Visma o número de campeões que têm na equipa. O Cian quer participar nas principais corridas por etapas com um papel fundamental e numa equipa com tantos líderes, não é fácil. Se queres crescer todos os anos, tens de ter a oportunidade de aspirar a uma posição na geral.”

Com apenas 22 anos, Uijtdebroeks já passou por três equipas World Tour diferentes. A estreia profissional em 2022, pela Red Bull - BORA - hansgrohe, foi marcada pela conquista do Tour de l’Avenir e vários Top 10 em provas de uma semana. Em 2023 estreou-se nas Grandes Voltas com um Top 10 na Volta a Espanha, consolidando o estatuto de promessa.

No inverno seguinte saiu da equipa alemã para assinar pela Visma, mas os problemas físicos nas costas atrasaram o seu desenvolvimento. A temporada de 2024 ficou aquém das expectativas, nomeadamente no Giro, onde viu as suas aspirações na geral comprometidas.

Já em 2025, Uijtdebroeks voltou a mostrar o seu valor: vitória numa etapa e grande regularidade na Volta a Espanha, onde brilhou com um ataque a solo de longe. Apesar disso, na Visma continuava sem espaço, rodeado de líderes como Vingegaard, Kuss ou Jorgensen, além da nova geração de talentos que a equipa holandesa acumula.

Foi nesse contexto que surgiu a hipótese da Movistar. Para Carera, trata-se de uma escolha natural. “Não importa quantas vezes se muda de equipa, mas sim estarmos no sítio certo. Nós, o Cian e a família, acreditamos que o projeto da Movistar oferece melhores oportunidades para ele.”

A equipa espanhola procura recuperar o protagonismo que teve outrora. Sem grandes líderes além de Enric Mas, vê em Uijtdebroeks um talento para reconstruir a suas ambições. A escolha não teve nada haver com dinheiro, mas sim ao espaço para liderar. “Já ganharam Grandes Voltas no passado. A equipa é muito experiente e atualmente para além do Mas, não têm nenhum líder importante. Há três Grandes Voltas por ano e o Cian pode ter oportunidades de assumir esse papel.”

A curto prazo, a Volta a França não será um objetivo, mas a médio prazo é inevitável que Uijtdebroeks seja apontado ao Tour. Para já, vai focar-se em provas de uma semana e em outras Grandes Voltas, com liberdade para crescer e cometer erros.

O belga, que já vive em Espanha e fala espanhol, terá também uma integração facilitada no ambiente da Movistar. Carera rematou. “O importante é que o Cian esteja feliz. O dinheiro não é prioridade. Se os resultados vierem, o resto virá naturalmente.”