"Alguns dizem que ele é o próximo Nibali" A Red Bull pede calma e serenidade aos fãs italianos

Ciclismo
sexta-feira, 10 outubro 2025 a 17:05
Lorenzo Finn
Lorenzo Finn ainda mal completou a sua primeira época no escalão de sub-23, mas já é um nome em destaque em Itália. A camisola arco-íris do jovem de 18 anos – conquistada nos Campeonatos do Mundo de Sub-23 apenas 12 meses depois de ter vencido a categoria júnior – gerou inevitavelmente comparações com grandes nomes do ciclismo. Alguns chegam mesmo a chamá-lo "o próximo Vincenzo Nibali".
No entanto, na Red Bull - BORA - hansgrohe, onde Finn é cuidadosamente acompanhado, a mensagem é clara: ele não precisa de ser o próximo, apenas precisa de ser ele próprio. "Não, não acredito nessas comparações", afirma o diretor de desempenho John Wakefield, que também treina Finn pessoalmente, em conversa com a Bici.Pro. "Alguém me disse que ele é o próximo Nibali. Mas eu respondo sempre: ele é o primeiro Lorenzo Finn, não o segundo Nibali."

Orientar um prodígio passo a passo

A ascensão de Finn tem sido rápida, mas cuidadosamente controlada. Após conquistar a camisola arco-íris júnior em 2024, subiu para a categoria sub-23 esta época, tornando-se apenas o quinto ciclista de sempre a conquistar títulos mundiais consecutivos em categorias diferentes, juntando-se a nomes como Greg LeMond, Remco Evenepoel, Mathieu van der Poel e Matej Mohoric. A sua equipa identificou o potencial muito cedo, antes do reconhecimento internacional.
Wakefield começou a trabalhar com Finn no final de 2021. "Ele era muito jovem, muito respeitoso, calmo", recorda. "Quando olhei para os seus números, vi que tinha algo de especial. Mas o que mais me impressionou foi a sua consciência táctica. Ele corria como alguém mais velho, mais experiente, como se já fosse um profissional.")
Essa maturidade traduziu-se com naturalidade em cada novo nível. "Mesmo quando era júnior, adaptou-se muito rapidamente. E quando subiu para os sub-23, era como se já lá estivesse há duas ou três épocas", explica Wakefield. "Ele passou pelos estágios de desenvolvimento a alta velocidade. É por isso que o que ele fez este ano não nos surpreendeu.")
Finn festeja a sua recente vitória em Kigali
Finn festeja a sua recente vitória em Kigali

Aprender a ganhar e a trabalhar

O momento mais marcante da campanha de estreia de Finn nos sub-23 pode não ter sido a vitória no Campeonato do Mundo, mas sim o Giro Next Gen, onde inicialmente seria apenas um membro da equipa, mas acabou por mudar de funções para apoiar Luke Tuckwell na defesa da camisola rosa.
"É claro que queríamos um resultado para a CG com ele", diz Wakefield. "Mas quando o Luke assumiu a cor-de-rosa, o Lorenzo trocou imediatamente de papéis, apoiando-o de todas as formas possíveis. Para mim, esse foi o sinal de verdadeira maturidade. Por isso sim, fiquei muito contente com o seu Giro Next Gen."
Essa capacidade de adaptação refletiu-se também nas primeiras experiências de Finn com a equipa World Tour. "O feedback foi fantástico", revela Wakefield. "Ele movimentou-se no pelotão de forma brilhante, sempre no lugar certo à hora certa, fazendo exatamente o que era necessário, quer fosse a puxar para a frente, a ir buscar garrafas ou a correr agressivamente como nos Mundiais."
Apesar do interesse mediático, Finn não será lançado no World Tour em 2026. Permanecerá na equipa de desenvolvimento por mais uma temporada, participando apenas em eventos selecionados com a equipa principal.
"Sim, ele precisa mesmo de mais um ano nos sub-23", insiste Wakefield. "É um bom ambiente para ele. Ele pode crescer de forma controlada. O Giro Next Gen e o Tour de l'Avenir serão os principais objetivos do próximo ano. Mas também há coisas que ele precisa de desenvolver fora da bicicleta – acabou de terminar a escola, ainda vive em casa. A transição de um jovem ciclista para o World Tour tem de ser gradual."
Esta abordagem ponderada visa evitar os erros que comprometeram outros prodígios lançados cedo demais. "Ele é um vencedor, quer sempre resultados", diz Wakefield. "Mas não estamos apenas a perseguir o sucesso a curto prazo. Cada corrida que ele faz é um teste que nos ajuda a acompanhar o seu progresso. Mesmo que algo não corra como planeado, aprendemos com isso."
O italiano fez parte da equipa Red Bull - BORA - hansgrohe na Gran Piemonte
O italiano fez parte da equipa Red Bull - BORA - hansgrohe na Gran Piemonte

Gerir o peso das expectativas

O entusiasmo em Itália é compreensível. Desde Nibali que não surgia um verdadeiro candidato ás Grandes Voltas no país. Finn, com o seu sentido táctico, capacidades de trepador e versatilidade, representa uma grande esperança, mas essa esperança deve ser gerida com cuidado.
"Sim, a pressão é real", reconhece Wakefield. "A chave é a forma como nós, enquanto equipa, o ajudamos a geri-la e como ele próprio lida com ela. É fantástico que o país seja apaixonado. Mas todo esse peso sobre um jovem pode ter um impacto negativo se as coisas não correrem na perfeição. Os fãs têm de o apoiar sem o sufocar com expectativas."
Se existe um paralelo com Nibali, Wakefield admite que é fácil entender as comparações. "No ciclismo moderno, ser apenas um ciclista de CG não é suficiente", afirma. "É preciso ser versátil. Nibali era-o. Ganhou corridas de um dia, corridas de etapas de uma semana, Grandes Voltas. É esse o tipo de perfil que o Lorenzo pode seguir. Mas ele fá-lo-á à sua maneira."
O primeiro ano de Finn nos sub-23 terminou com três vitórias e seis pódios adicionais. Um registo que alimenta os sonhos italianos e que, nas mãos da Red Bull, representa o talento a ser desenvolvido com paciência e método.
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