Remco Evenepoel fechou o seu capítulo de sete anos na
Soudal - Quick-Step com um segundo lugar na Il Lombardia, a última corrida sob a camisola azul e branca. O jovem de 25 anos deixa a equipa, para a qual entrou ainda adolescente em 2019, com um palmarés que redefine a sua identidade: de um especialista de clássicas a um verdadeiro candidato a Grandes Voltas. Entre as conquistas destacam-se a vitória na Vuelta a España, tricampeonato mundial de contrarrelógio, título mundial de estrada, duplo ouro olímpico, camisola branca e pódio na Volta a França de 2024, além de duas vitórias em Monumentos.
A próxima etapa da carreira de Evenepoel será na Red Bull - BORA - hansgrohe, a partir de 2026, num projeto que tem como objetivo construir uma estrutura de CG sólida em torno do belga, para reduzir a diferença face a Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard.
A despedida de Evenepoel da Quick-Step foi fiel à sua história: desde cedo ambicioso, implacável nas dificuldades do percurso e sempre no ritmo do homem que dominou 2025. A quinta vitória consecutiva de Pogacar na Lombardia deixou 1:48 de diferença para Evenepoel, evidenciando a resistência do belga no final de uma temporada longa e sublinhando o desafio que terá na sua nova equipa.
Na preparação para a corrida, Evenepoel foi direto: "Posso vencer o Tadej? Porque não? Caso contrário, não estaria aqui". A emoção após a prova foi clara: "Agora é altura de começar algo novo".
Seis anos a comandar a Quick-Step
Ao longo de seis temporadas completas, Evenepoel transformou a filosofia competitiva da Quick-Step. Os primeiros anos foram marcados pela audácia em corridas de etapa e clássicas, incluindo ataques de longe em San Sebastián, até à infame queda na Lombardia de 2020, que exigiu meses de recuperação e redefinição da sua abordagem.
A vitória na Liège-Bastogne-Liège 2022 foi uma demonstração de força e estratégia, exorcizando as sombras da queda e dando à Quick-Step um Monumento essencial, mostrando que podia dominar uma corrida de seis horas de forma autónoma. Esta conquista alterou a política interna da equipa, que passou a moldar o calendário em torno do belga.
A Volta a Espanha 2022 confirmou-o como líder de Grandes Voltas: controlou a corrida na última semana, afastando Roglic e consolidando-se como referência em CG. A experiência espanhola alterou a perceção do pelotão sobre Evenepoel, provando que podia manter um ritmo elevado durante 21 dias e preparar-se para confrontar os melhores da modalidade.
Na Vuelta 2023, mesmo após um colapso no Tourmalet, recuperou com um ataque solitário, convertendo a frustração em triunfo e mostrando maturidade tática. O episódio reforçou a moral interna da equipa e consolidou a reputação do belga como resiliente.
A Volta a França de 2024 evidenciou o seu talento nas Grandes Voltas: vitória no contrarrelógio da etapa 7, camisola branca assegurada antes do fim em Nice e terceiro lugar final, demonstrando capacidade para competir com Pogacar e Vingegaard. Apesar dos obstáculos e acidentes durante a época, a Quick-Step adaptou-se para apoiar a sua ambição em terrenos montanhosos e provas de resistência.
A Volta a França de 2025, contudo, não repetiu o mesmo sucesso: Evenepoel conquistou uma vitória de etapa, mas foi forçado a abandonar na segunda semana devido a falta de treino durante a época baixa e um acidente com uma carrinha. O foco agora muda para a Red Bull, onde terá de preparar um inverno sólido e sem imprevistos para chegar preparado ao próximo verão e desafiar Pogacar e Vingegaard nas Grandes Voltas.