ANÁLISE - Remco Evenepoel torna-se um dos atletas mais medalhados na história dos Campeonatos do Mundo!

A Côte de Kimihurura, com o Centro de Convenções de Kigali em pano de fundo, ofereceu o cenário perfeito para a vitória mais impressionante da carreira de Remco Evenepoel. O belga defendeu com autoridade a Camisola Arco-Íris no contrarrelógio masculino de elite dos Campeonatos do Mundo de 2025, conquistando o título pela terceira vez consecutiva.

Com apenas 25 anos, Evenepoel não só alcançou o tricampeonato, como também selou um momento simbólico: ultrapassou Tadej Pogacar na estrada, invertendo a humilhação sofrida em Peyragudes na Volta a França, há apenas dois meses. O tempo final de 49:46 fez dele o único a rodar abaixo dos 50 minutos, com Jay Vine a terminar a 1:14 e Ilan van Wilder a assegurar o bronze. Pogacar, no dia do seu 27º aniversário, foi quarto, a um segundo do pódio.

O gesto de ultrapassar Pogacar foi carregado de simbolismo. No Tour, Evenepoel implodira no contrarrelógio de Peyragudes e abandonara no dia seguinte. Em Kigali, num percurso exigente de 40,6 km e 680 metros de desnível, mostrou que aprendeu com o fracasso: onde antes cedeu, agora esmagou a concorrência. “Vi que estava a aproximar-me do Pogacar, por isso pedalei o mais rápido que pude”, explicou no final.

Com este triunfo, Evenepoel soma agora sete medalhas em Campeonatos do Mundo, igualando Alejandro Valverde, mas com uma versatilidade única: seis no contrarrelógio e uma na corrida de estrada (2022). No contrarrelógio, só Fabian Cancellara e Tony Martin estão acima, com quatro títulos cada. A diferença é que Evenepoel ainda tem margem: aos 25 anos, já está a um passo dos recordes históricos.

A sua polivalência destaca-o: ao contrário de Cancellara, já foi campeão de estrada; ao contrário de Martin, já mostrou ser capaz em cronoescaladas e, ao contrário de Valverde, brilha tanto no esforço individual como no coletivo.

No próximo fim de semana, na corrida de estrada em Kigali, Pogacar surge como favorito num percurso com 5.475 metros de desnível acumulado, mas Evenepoel entra embalado e será o seu principal adversário. Uma nova medalha colocá-lo-ia isolado como o ciclista mais condecorado da história dos Mundiais.

De Peyragudes a Kigali, a narrativa de Evenepoel é a de um campeão que caiu, mas que regressou mais forte, transformando a Camisola Arco-Íris na sua marca pessoal.