Antevisão, favoritos, perfis, percursos e etapas da Volta a Espanha 2025: Terá João Almeida e a UAE força para impedir uma vitória de Vingegaard?

Ciclismo
segunda-feira, 25 agosto 2025 a 12:00
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A Volta a Espanha 2025 realizar-se-á de 23 de agosto a 14 de setembro e terá início em Itália! A última Grande Volta da época terá início em Itália, passará por França e Andorra, antes de percorrer uma série de etapas montanhosas e acidentadas em Espanha continental. Analisamos o perfil das etapas e o percurso, bem como os favoritos, numa antevisão à corrida.
A edição de 2025 terá início no Piemonte, em Itália, onde se disputarão as três primeiras etapas, e seguirá depois um percurso pelo norte da Península Ibérica, sendo Madrid o ponto mais a sul. No total, serão 13 dias de média e alta montanha, cinco etapas onduladas e dois contrarrelógios (um deles por equipas, na quinta etapa), perfazendo um total de 3.265 quilómetros.
O percurso contará com jornadas muito exigentes, como a chegada a Navacerrada. Contudo, as dificuldades começam logo no Piemonte e as Astúrias terão também um papel determinante, com o regresso do mítico Angliru.

Etapas Volta a Espanha 2025

Etapa Data Percurso Distância Hora de partida (CET) Hora de chegada (CET)
1Sáb, 23 AgoTurim – Reggia di Venaria → Novara186,1 km12:5517:20
2Dom, 24 AgoAlba → Limone Piemonte159,6 km13:3517:21
3Seg, 25 AgoSan Maurizio Canavese → Ceres134,6 km14:2017:22
4Ter, 26 AgoSusa → Voiron206,7 km14:3516:31
5Qua, 27 AgoFigueres → Figueres (Contrarrelógio por equipas)24,1 km16:37até 18:30
6Qui, 28 AgoOlot → Pal. Andorra170,3 km12:3517:16
7Sex, 29 AgoAndorra la Vella → Cerler188,0 km11:5517:13
8Sáb, 30 AgoMonzón Templário → Zaragoza163,5 km13:4017:20
9Dom, 31 AgoAlfaro → Estação de Esqui de Valdezcaray195,5 km12:2017:16
Seg, 01 SetDia de descanso → Pamplona
10Ter, 02 SetParque Sendaviva → Larra Belagua175,3 km12:5517:18
11Qua, 03 SetBilbau → Bilbau157,4 km13:3017:20
12Qui, 04 SetLaredo → Los Corrales de Buelna144,9 km14:0017:22
13Sex, 05 SetCabezón de la Sal → L'Angliru202,7 km11:5017:14
14Sáb, 06 SetAvilés → La Farrapona135,9 km13:3017:13
15Dom, 07 SetA Veiga / Vegadeo → Monforte de Lemos167,8 km13:0517:17
Seg, 08 SetDia de descanso → Pontevedra
16Ter, 09 SetPoio → Mos (Castro de Herville)167,9 km13:0517:17
17Qua, 10 SetO Barco de Valdeorras → Alto de El Morredero143,2 km13:3017:00
18Qui, 11 SetValladolid → Valladolid (Contrarrelógio individual)27,2 km13:12até 14:41
19Sex, 12 SetRueda → Guijuelo161,9 km13:5017:21
20Sáb, 13 SetRobledo de Chavela → Bola del Mundo165,6 km13:0017:17
21Dom, 14 SetAlalpardo → Madrid111,6 km16:4019:22

1ª etapa: Turim (Venaria Realte) - Novara, 183 quilómetros

Turim (Venaria Realte) - Novara, 183 quilómetros
Turim (Venaria Realte) - Novara, 183 quilómetros
A corrida arranca em Turim, a segunda cidade a receber a partida de uma das três Grandes Voltas. Será um dia destinado aos sprinters, já que a 1ª etapa termina em Novara, num final plano após 186 quilómetros. O percurso é relativamente acessível, com apenas uma pequena subida na primeira metade e um sprint intermédio que dificilmente terá impacto no desfecho da tirada.
Tudo ficará decidido em Novara, onde a primeira camisola vermelha será entregue ao vencedor de um sprint em pelotão compacto. O final é plano, mas a presença de algumas rotundas poderá esticar o grupo e aumentar a tensão nos metros finais.

2ª etapa: Alba - Limone Piemonte, 157 quilómetros

Alba - Limone Piemonte, 157 quilómetros
Alba - Limone Piemonte, 157 quilómetros
A 2ª etapa, como é habitual na Volta a Espanha, apresenta um desenho peculiar. Trata-se de uma tirada praticamente plana até à chegada em Limone, uma etapa clássica em formato «unipuerto», embora desta vez disputada em solo italiano. A partida em Alba é tranquila e pouco há a assinalar ao longo do dia, apenas um sprint intermédio, sem subidas categorizadas até ao momento em que o pelotão alcançar a base do Colle di Tenda – que, no entanto, não será escalado na totalidade.
Em alternativa, os ciclistas irão subir até Panice Soprana, antes do troço mais exigente da montanha. Não é uma subida particularmente dura, com cerca de 8 quilómetros a 5% de inclinação média, mas suficiente para testar os candidatos à classificação geral e abrir oportunidades a outros homens fortes.
A dificuldade cresce de forma gradual e os últimos 1,5 quilómetros apresentam rampas a rondar os 8% de média, um desafio que pode marcar diferenças. Será um terreno para um confronto entre trepadores, ainda que alguns ciclistas de clássicas, habituados a ritmos elevados, possam também deixar a sua marca.

3ª etapa: San Maurizio - Ceres, 139 quilómetros

San Maurizio - Ceres, 139 quilómetros
San Maurizio - Ceres, 139 quilómetros
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A terceira etapa será um dia explosivo e o último dia em Itália, com uma subida ligeira no início que pode ser propícia a uma fuga bem sucedida. Haverá três pequenas subidas durante o dia e, em seguida, a chegada em Ceres será ligeiramente em subida após uma etapa curta. Toda a etapa decorrerá nos Alpes e arredores e, embora deva ser um pouco aberta, esperamos um sprint em grupo entre os homens rápidos que passem a média montanha e alguns puncheurs.
A subida que será enfrentada durante o dia não é muito difícil e, devido à sua distância da chegada, pode-se argumentar que ninguém ficará realmente para trás até os quilómetros finais da etapa. Mas a chegada em Ceres, no bom estilo da Vuelta, é bastante complexa. Por duas razões: uma é o declive, a outra é o final técnico e a necessidade de um bom posicionamento.
Os últimos 1,5 km têm uma inclinação média de cerca de 4,5%... Não é nada de mais, não irá eliminar todos os sprinters, mas será feita uma seleção natural das coisas, especialmente por causa de duas curvas fechadas... E depois uma terceira curva a poucos metros da linha de chegada em Ceres. Esta curva, embora seja bastante inclinada, é quase de 180 graus e surge a cerca de 50 metros da meta.

 4ª etapa: Susa (Itália) - Voiron (França), 192 quilómetros

Susa (Itália) - Voiron (França), 192 quilómetros
Susa (Itália) - Voiron (França), 192 quilómetros
A corrida deixa a Itália para entrar em território francês, com início em Susa e chegada em Voiron. A primeira parte da etapa é muito difícil, com três subidas e depois uma descida até à meta. Pode-se formar uma fuga no início ou pode ser um final ao sprint.
Os ciclistas começam a etapa muito perto da base do Colle delle Finestre e rapidamente enfrentam uma subida de 5,7 km a 5,6%. Sem nenhuma descida real, logo depois virá uma subida de 8,4 km a 5,9%. Os ciclistas descerão, agora em estradas francesas, e depois subirão o Col du Lautaret (cujo topo pode levar ao topo do Col du Galibier, numa rota alternativa). A subida não é excessivamente difícil, com cerca de 14 quilómetros a 4%, mas ultrapassa os 2000 metros de altitude e toda esta subida irá moer as pernas de alguns sprinters.
Mas os ciclistas descerão toda essa altitude. Na verdade, 1800 metros abaixo é onde a grande maioria do terço final da etapa acontecerá, o que significa que essa parte da etapa passará muito rapidamente e não será fácil reduzir as diferenças.
Um sprint, se decidir a etapa, será bastante técnico e também em ligeira subida. A curva final surge a cerca de 300 metros da meta e haverão vários locais onde o grupo se poderá esticar. A recta final terá cerca de 4% de inclinação, tornando-se num sprint que não será fácil.

5ª etapa (Contrarrelógio por equipas): Figueres - Figueres, 20 quilómetros

Figueres - Figueres, 20 quilómetros
Figueres - Figueres, 20 quilómetros
Após os primeiros quatro dias no estrangeiro, entre Itália e França, a Vuelta entra em território espanhol, na cidade catalã de Figueres, onde terá lugar uma prova contrarrelógio por equipas de 24 quilómetros, que certamente irá gerar diferenças importantes entre os favoritos na classificação geral.
Não há muito a analisar em termos de percurso, uma vez que não há subidas no traçado, será muito rápido e as diferenças não serão enormes, mas há algumas pequenas secções técnicas onde é necessário ter cuidado para evitar uma queda que possa arruinar o dia.

6ª etapa: Olot - Pal. Andorra, 171 quilómetros

Olot - Pal. Andorra, 171 quilómetros
Olot - Pal. Andorra, 171 quilómetros
A alta montanha chega logo na 6ª etapa da Volta a Espanha, com partida em Olot e final na dura ascensão a Pal. Um dia depois de o pelotão entrar finalmente em território espanhol, os ciclistas voltam a sair para encerrar a sexta jornada de competição em Andorra – o quarto país a acolher uma chegada em menos de uma semana.
A etapa começa logo em subida, com uma ascensão de 11 quilómetros que inclui rampas exigentes e poderá permitir que um grupo forte tente ir para a fuga. Ainda na primeira metade do dia surge a Collada de Tosses, uma subida longa de 24 quilómetros, mais de desgaste do que decisiva, mas que servirá para acumular fadiga antes do desfecho do dia.
Grande parte do pelotão conhece bem estas estradas, já que muitos ciclistas residem em Andorra. O final combina duas subidas: primeiro o Alto de la Comella, curto mas duro, com mais de 4 quilómetros a 8% de inclinação média, bastante técnico e que termina a 20,7 quilómetros da meta. É pouco provável que se vejam ataques sérios neste ponto, já que a ascensão final é mais seletiva.
A subida para Pal tem 9,6 quilómetros a 6,5%, mas na realidade é mais exigente, pois a estrada já sobe bem antes do inicio da secção categorizada. As rampas são intercaladas por pequenos falsos planos, o que facilita a perseguição a eventuais ataques prematuros. Assim, tudo aponta para que o fogo de artificio fique guardado para a subida final. Não é uma montanha extrema em termos de dureza, mas a chegada aos 1900 metros de altitude e a ausência de zonas de descanso podem ser suficientes para provocar diferenças relevantes na classificação geral.

7ª etapa: Andora la Vella - Cerler. Huesca la Magia, 187 quilómetros

Andora la Vella - Cerler. Huesca la Magia, 187 quilómetros
Andora la Vella - Cerler. Huesca la Magia, 187 quilómetros
O sétimo dia de corrida será a primeira etapa de alta montanha, diriam alguns, com subidas difíceis durante todo o dia, e será um dia importante para a classificação geral, pois também apresenta a chegada em alto mais difícil da competição até ao momento. Toda a etapa decorrerá nos Pirenéus espanhóis e passará por algumas subidas conhecidas e outras menos conhecidas, que acabarão por preparar o terreno para o que deverá ser um dia emocionante.
Logo no início da etapa temos o Port del Cantò, com 25 quilómetros de extensão e mais de 4% de inclinação, mas com algumas secções muito mais duras - os primeiros quilómetros têm uma inclinação média superior ao dobro de 4. A fuga do dia deverá ser definida aqui.
A etapa tem 188 quilómetros e contará com duas subidas de segunda categoria ao longo do seu percurso, o que causará mais fadiga, mas todos os principais favoritos estarão à espera da subida final antes de atacarem. A subida a Cerler será muito difícil e não haverá onde se esconder.
A subida tem 12,1 quilómetros a 5,9% de inclinação média. No entanto, esta é uma subida invulgar, pois apresenta duas pequenas secções em descida que reduzem a inclinação média. A maior parte da subida tem cerca de 8% e há muitas curvas fechadas que podem contribuir para que se queiram fazer ataques.

8ª etapa: Monzón Templário - Saragoça, 158 quilómetros

Monzón Templário - Saragoça, 158 quilómetros
Monzón Templário - Saragoça, 158 quilómetros
Etapa aragonesa de relativa tranquilidade para os homens da classificação geral, ainda que com tensão garantida, já que representa uma das poucas oportunidades para os sprinters brilharem nas ruas de Saragoça. Trata-se de um dia de transição, sem qualquer subida categorizada, marcado por longas estradas planas, muito expostas ao vento e sob calor intenso.
A chegada em Saragoça não apresenta grande complexidade técnica, pelo que a corrida não deverá ser decidida por questões tácticas. O pelotão entrará na reta final a cerca de 1 quilómetro da meta, depois de uma curva ligeira e larga, que antecede um último quilómetro pouco habitual, em reta mas com ligeira inclinação para a esquerda. Apesar desse detalhe, trata-se de um final essencialmente plano, perfeito para um sprint em pelotão compacto.

9ª etapa: Alfaro - Estância de esqui de Valdezcaray, 195 quilómetros

Alfaro - Estância de esqui de Valdezcaray, 195 quilómetros
Alfaro - Estância de esqui de Valdezcaray, 195 quilómetros
Depois do dia reservado aos sprinters, o pelotão regressa ao típico «território de Javier Guillén», com uma etapa maioritariamente plana e final em subida em alto. No entanto, este poderá ser um dia propício para uma fuga, já que as rampas até à estância de esqui de Valdecaray não apresentam grande dureza - no conjunto, trata-se de uma jornada muito aberta, capaz de sorrir a diferentes perfis de ciclistas.
O percurso tem 195 quilómetros e 3000 metros de desnivel acumulado, resultado de várias estradas onduladas que, mesmo sem subidas categorizadas, deixarão marca nas pernas dos ciclistas. A ascensão final a Valdecaray tem 13,3 quilómetros a 5,2% de inclinação média. A primeira metade é a mais exigente, com pendentes a rondar os 6 a 7%, onde será possível atacar, embora os declives sejam regulares e sem rampas extremas.
Nos quilómetros finais, a estrada suaviza e torna-se bastante plana, o que significa que qualquer movimento decisivo terá de surgir logo na fase inicial da subida. Se houver ataques tardios, o terreno menos inclinado favorecerá a perseguição e poderá reequilibrar as contas.

10ª etapa: Parque de la Natureza Sendavivia - Larra Belagua, 168 quilómetros

Parque de la Natureza Sendavivia - Larra Belagua, 168 quilómetros
Parque de la Natureza Sendavivia - Larra Belagua, 168 quilómetros
Depois de ter sido feita na edição de 2023, a subida a Larra Belagua vai ser novamente utilizada como chegada em alto. É o regresso da corrida aos Pirenéus, apesar de não terem andado muito longe nos dias anteriores e é um dia importante para a classificação geral, especialmente após o primeiro dia de descanso da corrida, que também pode levar a um dia menos bom para alguns ciclistas.
Este percurso é praticamente o mesmo etapa da edição de 2023, com o mesmo formato e uma subida final que é quase uma réplica completa, pelo que não podemos esperar resultados significativamente diferentes. Ao longo do dia, há quatro pequenas subidas que vão provocar algum cansaço nas pernas dos ciclistas, mas nenhuma delas aparece no início do dia e isso influenciará a formação da fuga. A maioria dos ciclistas deverá concentrar-se apenas nos quilómetros finais da etapa.
A subida para Larra Belagua tem 9,3 quilómetros a 6,3%. A maior parte da subida é a cerca de 7%, uma subida muito consistente, mas com muitas curvas fechadas, o que torna mais provável assistirmos a ataques. Ainda assim, não será fácil fazer a diferença, tendo em conta a falta de inclinações verdadeiramente difíceis. Os quilómetros finais serão planos, o que significa que as jogadas significativas têm de acontecer no início da subida.

11ª etapa: Bilbau - Bilbau, 167 quilómetros 

Bilbau - Bilbau, 167 quilómetros
Bilbau - Bilbau, 167 quilómetros
Mais uma vez em terreno explosivo, o pelotão enfrenta na 11ª etapa um percurso circular em Bilbau, repleto de subidas curtas mas muito íngremes. Não é novidade na Volta a Espanha, mas será a única etapa desta edição verdadeiramente desenhada nesse tipo de perfil, capaz de provocar diferenças relevantes. Para além das ascensões, que totalizam cerca de 3000 metros de acumulado, o percurso tem descidas técnicas, estradas estreitas e a incerteza habitual do clima basco.
Logo desde os quilómetros iniciais, o terreno é ondulado e propício a ataques. A fuga pode constituir-se cedo, com os primeiros 26 quilómetros que poderemos considerar perigosos para colocar o pelotão em alerta máximo. O final repete praticamente o da etapa inaugural da Volta a França de 2023, com as subidas ao Vivero e ao Alto de Pike. Este último, com apenas 2,1 quilómetros mas pendentes superiores a 9% de média, é especialmente seletivo: a segunda metade ultrapassa os 15% em vários pontos e chega mesmo aos 20%. Trata-se de um esforço explosivo, puramente anaeróbico, que poderá provocar cortes importantes. O topo surge a 8 quilómetros da meta, seguido de uma descida rápida até Bilbau.
Ao longo do dia, o pelotão terá de superar cinco subidas categorizadas, todas curtas e a maioria bastante íngremes. As três últimas são as mais determinantes, com destaque para o Alto de Vivero (4,3 quilómetros a 7,9%), ultrapassado por duas ocasiões. Trata-se de uma subida explosiva e seletiva, mas cuja descida rápida poderá dissuadir ataques de longe. Muitos ciclistas deverão guardar as forças para o Alto de Pike, onde a corrida poderá partir de forma definitiva.

12ª etapa: Laredo - Los Corrales de Buelna, 143 quilómetros

Laredo - Los Corrales de Buelna, 143 quilómetros
Laredo - Los Corrales de Buelna, 143 quilómetros
A 12ª etapa poderá ser terreno fértil para a fuga, mas também tem potencial para desencadear uma luta pela classificação geral na Collada de Brenes. Trata-se de um dos dias mais interessantes da Volta a Espanha, com um perfil pouco habitual, que favorece ataques de longe e pode transformar a corrida num autêntico jogo táctico.
O início da etapa é maioritariamente plano e o desenho global é simples, com duas subidas de características semelhantes. O ponto chave do dia é a Collada de Brenes, uma ascensão de 7,7 quilómetros a 8%. Apesar do primeiro quilómetro suavizar a estatística, a subida é dura e suficientemente seletiva para provocar diferenças importantes, ainda para mais porque o topo surge a 22 quilómetros da meta.
A descida e o trecho plano que se seguem aumentam as possibilidades de ataque. Quem se lançar ao ataque na montanha pode encontrar aliados vindos da fuga e, juntos, ampliar as diferenças de forma mais eficaz do que seria possível num luta directa apenas entre os homens da geral. Tudo aponta, portanto, para uma etapa muito aberta e estratégica, com final em Los Corrales de Buelna.

13ª etapa: Cabezón de la Sal - Alto de l'Angliru, 202 quilómetros

Cabezón de la Sal - Alto de l'Angliru, 202 quilómetros
Cabezón de la Sal - Alto de l'Angliru, 202 quilómetros
A 13ª etapa apresenta um início plano antes de conduzir o pelotão para a temida combinação Cordal–Angliru. Trata-se de um dia que estará marcado a vermelho na agenda de todos os candidatos à classificação geral, que farão tudo para chegar com as melhores pernas a esta jornada. Ao contrário da maioria das tiradas de montanha da Volta a Espanha, esta distingue-se também pela sua extensão: mais de 200 quilómetros, ainda que os primeiros dois terços sejam quase totalmente planos.
A corrida entra na sua fase decisiva com o Alto de Mozqueta (6,4 quilómetros a 8,4%), uma subida já bastante exigente, cujo topo se situa a 49 quilómetros da meta. A partir daí, a tensão cresce em direção ao desfecho clássico desta região das Astúrias.
O primeiro grande obstáculo é o Alto del Cordal (5,5 quilómetros a 8,8%), uma subida muito íngreme, sobretudo na parte final, cujo topo fica a 21 quilómetros da meta. A descida que se segue até ao inicio do Angliru é técnica e perigosa, e poderá servir de terreno para ataques ou para provocar cortes.
É hora do grande colosso: o Alto de l’Angliru. Uma das ascensões mais icónicas e brutais do ciclismo profissional, com 12,4 quilómetros a 10% de inclinação média. A segunda metade é absolutamente demolidora, com vários quilómetros a rondar os 15% de média, com rampas ainda mais duras. Aqui, o esforço é essencialmente individual: a ajuda dos colegas de equipa torna-se quase simbólica, limitada ao apoio moral. O Angliru é um juiz implacável, capaz de provocar diferenças colossais e será um dia reservado aos trepadores puros.

14ª etapa: Avilés - Alto de la Farrapona, 135 quilómetros

Avilés - Alto de la Farrapona, 135 quilómetros
Avilés - Alto de la Farrapona, 135 quilómetros
A 14ª etapa conduz o pelotão até ao Alto de la Farrapona, numa jornada relativamente curta mas com uma segunda metade muito exigente, onde se esperam novas diferenças importantes na luta pela classificação geral. Depois da dureza das etapas anteriores, esta poderá revelar-se ainda mais perigosa para os homens da geral, que terão de gerir o desgaste acumulado para voltarem a estar à altura de um final decisivo.
Apesar da meta em alto ser o grande ponto de interesse, esta não é uma etapa que se resuma a uma única subida. O Alto de San Lorenzo, penúltima ascensão do dia, é por si só uma subida de enorme dureza, capaz de provocar estragos sérios. São 10 quilómetros a 8,6% de média, com os últimos 5 quilómetros acima dos 10% e sem qualquer zona de descanso. É uma subida regular, asfixiante e extenuante, que poderá castigar fortemente quem não esteja num bom dia. O topo surge a apenas 34 quilómetros da meta, deixando pouco espaço para recuperação.
A decisão, no entanto, deverá chegar em La Farrapona. A subida final tem oficialmente 17 quilómetros, embora se possa considerar mais longa devido aos falsos planos que a antecedem. A fase decisiva está guardada para os últimos 7 quilómetros, onde a inclinação média se fixa nos 8,5%. Será aí que os trepadores terão de atacar, transformando a etapa numa nova batalha entre os candidatos à vitória final.

15ª etapa: A Veiga/Vegadeo - Monforte de Lemos, 167 quilómetros

A Veiga/Vegadeo - Monforte de Lemos, 167 quilómetros
A Veiga/Vegadeo - Monforte de Lemos, 167 quilómetros
A etapa que encerra a segunda semana da Volta a Espanha deverá sorrir à fuga. A chegada em Monforte de Lemos é totalmente plana, mas o início é duro e acidentado, o que dificultará qualquer controlo por parte das equipas do pelotão e abrirá espaço para múltiplas tentativas de ataque.
Logo à partida, os ciclistas enfrentam uma subida de 16,5 quilómetros a mais de 5% de inclinação média, terreno perfeito para os trepadores se movimentarem e tentarem entrar no grupo da frente. Sendo um dia com fortes probabilidades de sucesso para a fuga, não se pode excluir que alguns homens da classificação geral tentem forçar a entrada na fuga, numa tentativa de recuperar segundos.
No total, a etapa acumula cerca de 3000 metros de desnível, praticamente todos concentrados na primeira metade. O final é plano e sem dificuldades de relevo, mas tudo indica que não veremos o pelotão a disputar a vitória ao sprint, deixando o protagonismo aos aventureiros que conseguirem resistir na frente.

16ª etapa: Poio - Mos. Castro de Herville, 172 quilómetros

Poio - Mos. Castro de Herville, 172 quilómetros
Poio - Mos. Castro de Herville, 172 quilómetros
Após o sucesso de 2021, a Vuelta trouxe de volta o conjunto final de subidas em Castro de Herville. É uma etapa montanhosa com uma variedade diferente de subidas que podem levar a mudanças na classificação geral.
A etapa decorre inteiramente na Galiza, onde, mesmo que pareça, as estradas nunca são verdadeiramente planas. Mas a primeira subida categorizada do dia só surge na segunda metade da etapa. Teremos uma mistura de subidas longas e curtas, com diferentes inclinações e muitas descidas entre elas.
8,9 km a 4,1% a 85 km da meta; 11,4 km a 5,4% a 58 km da meta... Depois, uma subida não categorizada a 34 quilómetros da meta, com 3,7 quilómetros a 6,8%, a subida mais íngreme do dia, que tem um sprint bonificado no alto, com 3,2 quilómetros de extensão a 8,9%... No meio da descida para a subida final, há ainda outro topo que pode ser usado para um ataque surpresa, mas a subida final será o prato principal do menu.
A subida ao Castro de Herville é tudo menos regular, com uma inclinação média de 5,3% ao longo de 8,2 quilómetros. No entanto, os primeiros 1,7 kms têm uma inclinação média superior a 10% e rampas até 15%, onde podem ser feitas diferenças significativas. Todo o caminho até à meta é uma série de estradas sinuosas, com secções planas e algumas rampas explosivas onde a corrida pode tornar-se táctica.

17ª etapa: O Barco de Valdeorras - Alto de El Morredero, 137 quilómetros

O Barco de Valdeorras - Alto de El Morredero, 137 quilómetros
O Barco de Valdeorras - Alto de El Morredero, 137 quilómetros
Mais uma etapa de alta montanha na Galiza. A 17ª etapa será curta mas muito exigente, com final em alto no duro Alto de El Morredero. A jornada passará por uma região recentemente devastada por incêndios florestais, mas cuja paisagem continua marcada por grande beleza natural.
Trata-se de mais uma etapa em formato unipuerto. Até Ponferrada o percurso apresenta apenas algumas ondulações, mas nada de significativo, antes de o pelotão enfrentar a subida final. O Alto de El Morredero apresenta 12,1 quilómetros a 7,9% de média, embora dividido em diferentes secções. Os primeiros 1,5 quilómetros já castigam com rampas a 9% de média, seguidos de um trecho mais suave, praticamente plano, que conduz ao início “oficial” da ascensão.
A parte decisiva está guardada para os últimos 8,8 quilómetros, com uma média de 9,5%. É uma subida duríssima, sobretudo na primeira metade desta secção final, onde os trepadores podem partir o pelotão e mexer seriamente com a classificação geral. A estrada leva os ciclistas para uma zona exposta, que é menos inclinada do que o início, mas suficientemente dura para consolidar diferenças.

18ª etapa (CRI): Valladolid - Valladolid, 26 quilómetros

Valladolid - Valladolid, 26 quilómetros
Valladolid - Valladolid, 26 quilómetros
O único contrarrelógio individual da Volta a Espanha terá lugar em Valladolid. Trata-se de um exercício curto, com apenas 27 quilómetros totalmente planos, mas que poderá provocar diferenças significativas. Com apenas mais uma oportunidade real para alterar a classificação geral nas montanhas, esta etapa assume-se como decisiva, funcionando quase como o exame final antes da Bola del Mundo.
Apesar de plana, não será um contrarrelógio simples. O percurso não apresenta longas rectas contínuas que favoreçam os especialistas mais potentes. Grande parte da prova decorre dentro da cidade, em estradas técnicas e repletas de curvas, obrigando a constantes mudanças de ritmo. Estas características tornam o esforço menos linear e permitem que os ciclistas encontrem momentos para respirar e gerir o esforço, ao mesmo tempo que aumentam a importância da condução e da capacidade de manter a velocidade em zonas técnicas.

19ª etapa: Rueda - Guijuelo, 159 quilómetros

Rueda - Guijuelo, 159 quilómetros
Rueda - Guijuelo, 159 quilómetros
Mais uma oportunidade para os sprinters já na fase final da Volta a Espanha. A cidade de Guijuelo recebe a chegada de uma etapa de transição, pensada para os homens rápidos, que aqui terão nova hipótese de brilhar. O percurso não inclui qualquer subida categorizada e a organização procurou claramente criar incentivos para manter os sprinters na corrida até esta fase.
No entanto, ao estilo clássico da Vuelta, a chegada à meta não é totalmente plana. Os últimos 2,3 quilómetros apresentam uma inclinação média de 3%, num traçado em linha recta que exige um esforço constante e prolongado. A rampa final endurece ligeiramente nos derradeiros metros, detalhe que poderá baralhar contas e abrir espaço a surpresas, sobretudo numa altura em que o desgaste acumulado já pesará nas pernas de todo o pelotão.

20ª etapa: Robledo de Chavela - Bola del Mundo, 156 quilómetros

Robledo de Chavela - Bola del Mundo, 156 quilómetros
Robledo de Chavela - Bola del Mundo, 156 quilómetros
A mítica subida à Bola del Mundo regressa como palco da etapa final da Volta a Espanha. Embora não se antecipem grandes surpresas, dada a dureza da ascensão final e o desenho limitado das subidas anteriores, o desfecho no alto poderá ainda provocar diferenças significativas entre os homens da classificação geral.
O dia, porém, está longe de ser simples. Logo na fase inicial, o percurso inclui várias subidas menores que poderão favorecer a formação de uma fuga consistente, com boas hipóteses de lutar pela vitória da etapa.
O penúltimo obstáculo surge com uma subida de 6,9 quilómetros a 7,5% de inclinação média, cujo topo acolherá um sprint intermédio a 50 quilómetros da meta. Ainda assim, é pouco provável que este ponto crie movimentações decisivas, já que todas as atenções estarão centradas na subida final.
Após um total de 4100 metros de desnível acumulado, o pelotão enfrentará o Puerto de Navacerrada e, logo depois, a exigente ascensão até à Bola del Mundo. São 12,4 quilómetros a 8,6% de média, mas com uma parte final demolidora: os últimos 3 quilómetros apresentam uma inclinação média de 12%, em estradas estreitas e de dureza extrema. A meta estará a mais de 2200 metros de altitude, acrescentando o factor da altitude ao esforço, tornando esta chegada um cenário perfeito para consagrar os mais fortes trepadores e, possivelmente, selar o destino da camisola vermelha.

21ª etapa: Alaparido - Madrid, 101 quilómetros

Alaparido - Madrid, 101 quilómetros
Alaparido - Madrid, 101 quilómetros
Como é tradição, a Volta a Espanha termina em Madrid, com uma etapa plana que oferece aos sprinters a última oportunidade para conquistar uma vitória numa Grande Volta em 2025. Será um dia curto, com pouco mais de 100 quilómetros, marcado pelo habitual circuito final nas avenidas da capital espanhola.
Sem inclinações de relevo, o traçado apresenta apenas a clássica rotunda situada pouco antes da entrada no último quilómetro. Trata-se de um final feito à medida dos sprinters puros. Para alguns, será a derradeira hipótese de salvarem a sua corrida, para outros a consagração de semanas de esforço, com o público madrileno como testemunha.

Os Favoritos

Jonas Vingegaard - A grande dúvida desta corrida, sem dúvida. Jonas Vingegaard era esperado para travar um duelo direto com Tadej Pogacar, mas a fadiga do esloveno acabou por o afastar da Volta a Espanha e o dinamarquês surge agora como o homem a bater. Não chegará com o mesmo nível de preparação da Volta a França, pelo que não se deve esperar um Vingegaard em modo “nuclear”, claramente acima de todos os rivais, sobretudo tendo em conta que o início da prova não apresenta muitas etapas de alta montanha. Ainda assim, se atingir um patamar próximo do seu melhor, poderá tornar-se um pesadelo para a concorrência a partir da segunda semana.
A Visma parte para esta Volta a Espanha com a clara ambição de conquistar mais um Grand Tour, e terá todas as condições para o fazer se nada fugir ao previsto e Jonas Vingegaard evitar quedas. Matteo Jorgenson e Sepp Kuss também podem ambicionar bons resultados, mas o papel principal será o de escudeiros de luxo, formando uma verdadeira armadura em torno do dinamarquês. Com uma formação repleta de trepadores de qualidade, a chave da corrida parece residir na capacidade de Vingegaard se manter sólido ao longo das três semanas. Nesse cenário, dificilmente deixará de ser o favorito óbvio e absoluto.
UAE - A UAE surge como a principal rival da Visma nesta Volta a Espanha, ainda que não seja a única. A equipa deveria apresentar uma liderança partilhada, mas perante as circunstâncias parece claro que João Almeida será o ciclista mais protegido, enquanto Juan Ayuso assume o papel de substituto de Pogacar. Nenhum deles parece chegar nas condições ideais e, no passado, nem sempre funcionaram bem em conjunto. Desta vez, a equipa da Emirates construiu uma formação orientada para a classificação geral, em vez de conceder total liberdade como noutras ocasiões na ausência do Campeão do Mundo. Ainda assim, como ficou demonstrado na Volta a França, quando um corredor se apresenta muito acima da concorrência, de pouco serve a força coletiva dos rivais.
João Almeida e Juan Ayuso apresentam-se como dois candidatos claros ao pódio, embora a possibilidade de alcançarem esse objetivo dependa em grande parte da forma como Jonas Vingegaard se sentir ao longo da corrida. Almeida chega após a queda que o obrigou a abandonar a Volta a França, enquanto Ayuso enfrenta pela primeira vez uma segunda Grande Volta na mesma temporada, algo que não estava inicialmente previsto. Ainda assim, a Emirates apresenta uma estrutura sólida, com vários trepadores de qualidade, o que lhes confere armas para tentar atacar a Visma.
O pelotão da classificação geral apresenta um nível elevado. Não é tão forte como o da Volta a França, mas poderá ser considerado equivalente ao da Volta a Itália, com bastante profundidade. No entanto, tratando-se da Volta a Espanha, há fatores adicionais a ter em conta: o calor intenso, a diversidade de preparações e o desgaste acumulado da época podem originar resultados inesperados. Entre os candidatos destacam-se ciclistas que vêm da Volta a França, como Felix Gall e Ben O'Connor, que já mostraram grande qualidade e, sem a mesma pressão para obter resultados, poderão estar mais dispostos a arriscar nesta corrida..
Da mesma forma, há ciclistas cujo rendimento na classificação geral não é garantido. Nomes como Jai Hindley, David Gaudu ou Guillaume Martin são corredores de grande qualidade e bem adaptados às características da Volta a Espanha, mas um único dia mau pode levá-los a redefinir rapidamente os seus objetivos. Outros, como Lorenzo Fortunato e Mikel Landa, provavelmente não partem com a ambição clara de disputar a geral, mas a dureza do percurso, com tantas etapas de montanha e fugas com boas hipóteses de sucesso, pode colocá-los na luta caso encontrem a oportunidade certa ou apresentem uma melhoria significativa de forma ao longo da corrida.
Entre os nomes emergentes e alternativas de peso, há vários ciclistas capazes de surpreender. Giulio Pellizzari pode ambicionar um lugar no top-5, desde que mantenha consistência. Tom Pidcock aposta novamente na classificação geral e desta vez parece mais bem preparado, com a Volta a Espanha a ajustar-se melhor às suas características do que o Giro. Giulio Ciccone, apesar do histórico de quedas, chega em excelente forma e é claramente um candidato ao pódio. Já Egan Bernal permanece como um verdadeiro wildcard: o colombiano mantém a ambição de vencer a corrida no futuro e apresenta-se totalmente focado na classificação geral. Por fim, a Bahrain-Victorious chega com um bloco muito sólido, liderado por Antonio Tiberi, que tem como meta o pódio, bem apoiado por Santiago Buitrago e Damiano Caruso, dois trepadores experientes que costumam brilhar em diferentes tipos de etapas.

As estrelas

Nos sprints, Mads Pedersen apresenta-se como a principal referência e grande favorito a conquistar a classificação por pontos, caso esteja em boa forma, já que não existe uma concorrência de peso no terreno dos homens rápidos. Ethan Vernon, Bryan Coquard e Orluis Aular perfilam-se como os adversários mais fortes, mas tudo indica que o ciclista da Lidl–Trek poderá dominar, tal como fez na Volta a Itália, se competir ao seu nível habitual. Axel Zingle poderá ser um rival interessante em etapas mais partidas, enquanto Stefan Küng e Filippo Ganna surgem como candidatos naturais a triunfar no contrarrelógio, sem descurar a possibilidade de brilharem em fugas.

Previsão da classificação geral da Volta a Espanha 2025

*** Jonas Vingegaard
** João Almeida, António Tiberi
* Juan Ayuso, Felix Gall, Giulio Pellzzari, Tom Pidcock, Giulio Ciccone, Egan Bernal, Santiago Buitrago, Damiano Caruso, Matteo Jorgenson
Escolha: Jonas Vingegaard
Original: Rúben Silva
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