ANTEVISÃO | Dwars door Vlaanderen 2024 - Na ausência de van der Poel, Wout van Aert e Mads Pedersen lutam pela vitória na última clássica antes da Volta a Flandres

A Dwars door Vlaanderen tem lugar a 27 de março. Esta clássica belga do World Tour é a última corrida de aquecimento antes da Volta à Flandres, uma etapa muito importante e uma corrida que testa muitos dos melhores ciclistas de clássicas do mundo. Fazemos uma antevisão da corrida.

Entre duas cidades históricas do ciclismo, Roeselare e Waregem, realiza-se a edição de 2024 do Dwars door Vlaanderen. É um grande dia para os especialistas em clássicas, especialmente agora que se trata de uma prova de World Tour. É a única grande clássica empedrada em que a resistência não desempenha um papel significativo, uma vez que tem apenas 188,5 quilómetros de extensão. É uma prova muito aberta à luta dos outsiders e dos sprinters pela vitória, mas simultaneamente deverá ver os especialistas no seu melhor.

Os últimos 120 quilómetros serão marcados pela entrada dos bergs. Não serão demasiado duras, na sua maioria subidas que podem fazer mossa, mas apenas isso, o que permite abrir alguns ataques no início da etapa. A 71,5 e 66 quilómetros do fim, o pelotão enfrentará o Berg ten Houte (1,1 km a 5,5%) e o Kanarieberg (1,1 km a 8,8%), que deverá ser a combinação de subidas mais difícil do dia e que terá de ser utilizada para criar cortes no pelotão.

Foram acrescentados mais setores empedrados nos últimos quilómetros da corrida, que se torna agora mais seletiva. Com 28.5, 25, 18, 14.5 e 5.5 quilómetros, os ciclistas partem de cinco setores consecutivos, com duas ligeiras subidas em Nokere. Não serão setores seletivos, mas os ataques podem surgir a qualquer momento, especialmente logo à saída, uma vez que muitos gregários não terão pernas para fechar os espaços no imediato.

Os últimos 5,5 quilómetros serão planos. A corrida até à meta não é longa, pelo que não será fácil, mas é possível, apanhar os ataques. A reta final é curta, com 250 metros de comprimento, pelo que, se houver um sprint, o posicionamento será crucial.

Sem chuva, mas também sem sol. Tal como aconteceu em Gent-Wevelgem, a corrida terá uma quantidade significativa de vento e, desta vez, virá de sul. Numa corrida com tantas curvas e contracurvas, isso significa que a tensão estará presente durante todo o dia, o que inclui a partida, que terá algumas secções de vento lateral expostas. Os quilómetros finais terão sobretudo ventos cruzados - não se pode dizer que favoreçam um ciclista a solo ou um grupo, mas será certamente um final difícil.

A Team Visma - Até agora não conseguiram usar a vasta qualidade do seu plantel nas duas clássicas mais importantes. Na Gent Wevelgem e na E3. Dylan van Baarle não está em boa forma e Jan Tratnik não está no nível esperado. A equipa precisa que eles sejam capazes de usar os números e igualar a Lidl-Trek. Tiesj Benoot pode fazer uma boa corrida, mas não num sprint e um final plano. Wout van Aert vai querer ganhar uma corrida antes da Flandres e realmente testar a sua forma ao máximo depois de mostrar grandes pernas na E3, ele certamente pode fazer a diferença e ganhar a solo, mas num sprint de grupo ele também terá aspirações a ganhar. Matteo Jorgenson também estará presente, a corrida não é tão dura como ele gostaria, mas ele também é concerteza um candidato a lutar pela vitória, especialmente se a Visma conseguir assumir o controlo da corrida.

Lidl-Trek - Os dominadores absolutos da Gent - Wevelgem. Conseguiram utilizar a força dos números para desgastar o Campeão do Mundo. Aqui eles lutarão contra outra equipa bem composta, no entanto, deve ser uma corrida interessante num terreno que não é tão seletivo e, portanto, as táticas serão mais importantes. Mads Pedersen já conquistou uma grande vitória e por isso não terá pressão. No entanto, achamos que isso significa que ele provavelmente poderá atacar, e desta vez Jonathan Milan deve ser salvo mais como uma opção para um sprint. Ele impressionou este domingo, enquanto a equipa também tem um Jasper Stuyven muito forte e em forma que pode certamente atacar para a vitória a qualquer momento e até mesmo Toms Skujins que deve olhar principalmente para as subidas onde ele pode fazer a diferença e, portanto, provavelmente ser uma carta a ser usada bem cedo na corrida. Alex Kirsch também pode ser uma carta a jogar.

Na nossa opinião, a corrida vai basear-se na batalha entre estas duas equipas. Ambas têm números, ambas têm ciclistas que podem sprintar bem e irão certamente procurar atacar e marcar-se mutuamente. No entanto, outros ciclistas podem entrar na luta sem dúvida - embora não esperemos que eles batam estas equipas. Laurence Pithie é um ciclista que captou especial atenção, ele parece não ter a resistência para estas corridas brutais, mas não há dúvida de que ele tem a explosividade para igualar os melhores nas subidas. Além disso, ele tem um sprint muito forte e também tem Stefan Küng que encontra um terreno muito favorável aqui.

Tim Wellens é certamente outra grande carta a jogar. Ele e Nils Politt lideram a Emirates e ambos têm mostrado boa forma até agora nesta primavera. Ambos têm conseguido resultados e, tal como o Groupama, também têm os números para controlar frequentemente os ataques das duas grandes equipas. Acrescentariamos Oier Lazkano como outro grande favorito para esta corrida, ele mostrou-se ao mundo nas clássicas do ano passado, mas desta vez ele vem como um ciclista de clássicas consolidado e um que faz especialmente bem as subidas quando não são muito difíceis. Jhonatan Narváez também poderia fazer muito bem nas subidas, mas não se sabe se ele se recuperou da sua queda na Gent - Wevelgem. 

A Lotto Dstny não esteve bem no fim de semana passado mas tem aqui as cartas com Brent van Moer, Victor Campenaerts e Alec Segaert que serão outsiders interessantes, todos fortes roladores. Oliver Naesen, Rasmus Tiller, Magnus Sheffield, Alberto Bettiol e Neilson Powless da EF, e Kasper Asgreen e Julian Alaphilippe da Quick-Step serão outros outsiders que vão querer ter uma palavra a dizer.

É improvável que a corrida termine num sprint, mas lembre-se que não é uma corrida demasiado difícil e o final é bastante plano. Talvez não para a vitória, mas muitos homens rápidos - que ainda não foram mencionados - têm a hipótese de lutar pelas posições do Top 10. Jasper Philipsen é definitivamente um nome que pode lutar pela vitória a julgar pela forma recente e pela corrida de Paris-Roubaix do ano passado. Biniam Girmay é provavelmente o outro sprinter que pode certamente ter as pernas para igualar os melhores nalguns dos ataques importantes.

Temos sprinters que na altura esperariam uma corrida muito conservadora, como Juan Sebastián Molano, Arnaud Démare, Casper van Uden, Ethan Vernone Alexander Kristoff. Outros homens rápidos podem ser muito interessantes num dia bom, como Luca Mozzato, Axel Zingle, Pierre Gautherat, Danny van Poppel, Nils Eekhoff, Corbin Strong e Dries van Gestel. Soudal - Quick-Step também pode esperar por um sprint para ter qualquer resultado significativo no momento tendo Luke Lamperti e Casper Pedersen como cartas para jogar.

*** Wout van Aert, Mads Pedersen
** Matteo Jorgenson, Jasper Stuyven, Laurence Pithie, Tim Wellens
* Jan Tratnik, Jonathan Milan, Toms Skujins, Stefan Küng, Oier Lazkano, Jasper Philipsen, Biniam Girmay

Escolha: Wout van Aert