Antevisão - Tirreno-Adriático 2025: UAE vs Visma, com Mikel Landa e Pello Bilbao à espreita, no primeiro teste antes da Volta a Itália

De 10 a 16 de março, o pelotão do World Tour corre a Tirreno-Adriatico. Esta é, por si só, uma das mais prestigiadas corridas por etapas do ano, mas serve simultaneamente de preparação para as clássicas da primavera e também de teste para a Volta a Itália. Será uma semana de corridas muito importante em Itália! Fazemos a antevisão da corrida.

A corrida começa com um contrarrelógio de 11 quilómetros em Lido di Camaiore, como é habitual. Um dia para os especialistas, mas também um dia em que a luta pela classificação geral vai começar e onde podem ser criadas pequenas diferenças antes de uma semana em que há apenas mais uma etapa que garante verdadeiramente a criação de diferenças.

A 2ª etapa, de Camaiore a Follonica, é o único dia em que os sprinters não devem ter nada com que se preocupar. Os 190 quilómetros têm apenas duas pequenas subidas e um sprint de grupo é muito difícil de evitar com um perfil destes.

O terceiro dia de corrida é um dia misto, com muitos cenários possíveis para decidir a etapa. Os 240 quilómetros em cima da bicicleta farão com que seja um dia longo e desafiante, com algumas subidas no menu. A última, longa mas inconsistente e com algumas zonas de descanso, proporcionará muito espaço para ataques, mas as inclinações nunca são verdadeiramente duras. Um pequeno sprint de grupo ou um ataque tardio podem ser bem sucedidos neste dia.

A 4ª etapa em Trasacco pode acabar num sprint, mas este é um dia concebido para uma fuga e onde muitos ciclistas vão testar a sua forma. Os primeiros dois terços da etapa são num constante sobe e desce e as subidas não são nada fáceis. Ter uma perseguição organizada será um desafio, pelo que haverá muitos ciclistas a quererem aproveitar a oportunidade.

O quinto dia de corrida não é muito diferente, com muitas subidas espalhadas por todos os 205 quilómetros até Pergola. As subidas não são muito difíceis, mas a diferença neste dia é que as últimas são as mais duras, e podemos ver alguns ataques de ciclistas da classificação geral antes do final da etapa.

A etapa rainha. Curta, com apenas uma grande subida, mas os homens da classificação geral terão forçosamente de ter as melhores pernas possíveis aqui. Muitas pequenas subidas acabarão por conduzir os ciclistas à base da longa subida de 7 quilómetros para Fortignano, onde os trepadores terão a sua oportunidade.

A corrida termina, como é habitual, em San Benedetto del Tronto com uma etapa para os sprinters. No entanto, a distância é curta e há duas subidas complicadas a meio do dia, pelo que há o risco de uma forte fuga surpreender os homens rápidos.

UAE - Esta corrida será basicamente uma antevisão da Volta a Itália. Várias equipas trazem os seus líderes para o Corsa Rosa para correr no mesmo país, em estradas semelhantes e competição semelhante. Os Emirates estão a testar a sua dupla Juan Ayuso e Adam Yates e diria que são os principais favoritos à vitória na corrida. Por um lado, temos um Ayuso em forma, que ganhou dois dos três dias de corrida até agora nesta temporada, e ganhou o contrarrelógio do ano passado, que ele poderia repetir desta vez. Se ele tiver dificuldades na etapa de montanha, o vencedor do Tour de Omã, Adam Yates, pode muito bem entrar em cena para preencher a lacuna. Isaac del Toro , que tem sido estupendo nas corridas de gravilha, será um ciclista de apoio, mas ele próprio um candidato potencial para um resultado de topo se lhe for dada a liberdade.

Visma - A Visma será provavelmente a principal equipa rival, mas temos de ser honestos e dizer que estarão provavelmente em desvantagem e sob pressão. Ayuso deverá ganhar tempo aos seus líderes no contrarrelógio de abertura. Esta será a primeira corrida da época de Simon Yates, por isso não é justo colocá-lo já na posição de possível vencedor, mas acredito que a Visma o terá preparado bem e ele estará motivado. Com Cian Uijtdebroeks, Atila Valter e uma equipa muito forte e completa, as 'abelhas' vão tentar obter uma grande vitória esta semana - numa corrida que Yates já venceu no passado e na qual costuma ter um bom desempenho.

Tom Pidcock- Há uma questão importante sobre se ele vai recuperar totalmente após uma Strade Bianche brutal que o levou ao limite. Mas é completamente justo colocar o britânico na lista principal de favoritos. O contrarrelógio não lhe será favorável, mas nos dias montanhosos pode muito bem ganhar tempo a alguns dos seus rivais e na etapa rainha deve aguentar-se muito bem. No ano passado, terminou aqui no Top 10 e penso que o percurso lhe assenta melhor agora. Na sua forma e motivação atuais, muito cuidado com ele.

Mikel Landa - Mal foi visto na televisão, mas Landa acabou em 11º lugar na Strade Bianche. Isso pareceu muito impressionante para o basco, que não é conhecido como um ciclista com muita técnica, não é explosivo e certamente não é um especialista nas clássicas. É um sinal de grande forma, e embora o contrarrelógio possa fazê-lo perder muito tempo, na etapa de montanha o líder da Quick-Step pode fazer alguns estragos juntamente com Valentin Paret-Peintre. A equipa belga também terá Mattia Cattaneo como um outsider, que deve prosperar contra o relógio e pode defender-se nas montanhas.

A INEOS tem Laurens de Plus, que terminou no pódio da Volta ao Algarve e é um ciclista muito bem preparado para uma corrida desta forma, e quem sabe Michal Kwiatkowski (se ele se recuperar da queda na Strade Bianche) também pode ser um candidato ao top 10 na sua melhor forma; a Bahrain - Victorious vem com uma dupla muito ameaçadora de especialistas em contrarrelógio Antonio Tiberi e um Pello Bilbao que acabou de fazer um brilhante UAE Tour e Strade Bianche; Quando se trata de equipas com várias opções, também não podemos ignorar a Movistar, que está a ter uma temporada brilhante e apoiará Einer Rubio e o ex-vencedor Nairo Quintana esta semana.

Temos Kévin Vauquelin que vai ganhar tempo no contrarrelógio, tem estado bem nas monatnhas e pode beneficiar de estar a voar abaixo do radar; Giulio Ciccone foi segundo classificado no UAE Tour, apenas atrás de Tadej Pogacar, certamente estará muito motivado e a correr em casa pode lutar pelo pódio; O vencedor do Gran Camiño Derek Gee que deverá ser um dos melhores no contrarrelógio; e ciclistas como Richard Carapaz, David Gaudu, Jai Hindley, Lorenzo Fortunato e Eddie Dunbar que procurarão deixar a sua marca especialmente na etapa de montanha. 

A corrida terá um contingente de luxo no que toca ao sprint e, embora apenas duas etapas sejam praticamente certas de ter um, elas devem ser realmente emocionantes. Teremos Jonathan Milan, Biniam Girmay, Paul Magnier e Olav Kooij e todos terão a oportunidade de conquistar vitórias. Sam Bennett, Soren Waerenskjold, Pascal Ackermann, Matteo Moschetti, Dylan Groenewegen e Bryan Coquard também serão corredores interessantes para estes dias. 

Além disso, esta corrida está repleta de ciclistas de clássicas de qualidade que, na verdade, este ano têm algumas oportunidades nesta corrida e também têm algumas etapas muito longas que podem servir como preparação perfeita para os monumentos. Naturalmente, Mathieu van der Poel assume o centro das atenções, e será interessante ver se ele também lutará por sprints em pelotão compacto ou vai focar-se nas etapas de média montanha. Filippo Ganna, no lado oposto, tentará vencer o contrarrelógio de abertura da corrida. Os nomes de Marc Hirschi, Magnus Cort Nielsen, Maxim van Gils, Alberto Bettiol, Ben Healy e Alex Aranburu podem obter vitórias durante a semana nas etapas mais complicadas.

*** Juan Ayuso, Simon Yates
** Adam Yates, Mikel Landa, Laurens de Plus, Pello Bilbao, Derek Gee
* Cian Uijtdebroeks, Valentin Paret-Peintre, Mattia Cattaneo, Isaac del Toro, Tom Pidcock, Antonio Tiberi, Giulio Ciccone, Jai Hindley, Eddie Dunbar, Lorenzo Fortunato, Richard Carapaz, David Gaudu, Einer Rubio, Kévin Vauquelin

Escolha: Juan Ayuso