Apesar da vitória de Biniam Girmay, o diretor do Intermarché-Wanty preocupa-se com o futuro do ciclismo africano!

Biniam Girmay está a fazer história no ciclismo, tornando-se o primeiro ciclista negro africano a vencer uma etapa na Volta a Itália e, esta segunda-feira, a repetir o feito na Volta a França. O ciclista do Intermarché - Wanty está a tornar-se uma referência do ciclismo africano, mas o chefe de equipa Aike Visbeek continua preocupado com o facto de ainda não estarem a acontecer mudanças estruturais para melhorar a situação dos ciclistas africanos.

O Ruanda vai acolher os Campeonatos do Mundo de 2025 em Kigali, o que pode representar uma grande mudança, mas Visbeek chama a atenção para o verdadeiro obstáculo que tem de ser ultrapassado. "Se criarmos um percurso montanhoso durante esse Campeonato do Mundo, não nos serve de nada. Isso não inspira ninguém lá, porque depois de 150 quilómetros já não há nenhum africano negro na corrida", disse Visbeek ao Wielerflits. "Porque eles não tiveram a oportunidade de correr na Europa enquanto juniores".

Enquanto alguns ciclistas, dos quais Girmay é a principal figura, chegam ao World Tour e mostram a sua qualidade, apenas alguns têm a oportunidade de correr entre os profissionais, enquanto a maioria não adquire a experiência e as competências essenciais que daí advêm ao longo do ano. "O que tem de acontecer muito rapidamente agora é que os juniores africanos precisam de fazer mais corridas e ser capazes de competir na Europa durante períodos mais longos. Têm de aprender as suas capacidades e a sua forma de correr, especialmente as capacidades de direção", defende;

A presença do Centro Mundial de Ciclismo já oferece oportunidades a alguns ciclistas, mas, compreensivelmente, não há a mesma quantidade de equipas e de ciclistas que correm durante todo o ano num calendário de alta qualidade que lhes permite desenvolverem-se como ciclistas. "Se estas coisas não mudarem, a distância só vai aumentar, a não ser que surja uma grande multinacional e injete quantidades infinitas de dinheiro num projeto", avisa Visbeek. A equipa belga conta atualmente com dois ciclistas eritreus, incluindo o irmão de Girmay. A equipa parece beneficiar do potencial dos ciclistas oriundos de países menos conhecidos.

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