"Até os cadetes já vão para estágios em altitude" Alejandro Valverde critica a pressão existente no ciclismo

Ciclismo
quinta-feira, 02 outubro 2025 a 17:38
Alejandro Valverde
Alejandro Valverde vive agora os seus primeiros grandes momentos como selecionador nacional de Espanha. Depois de orientar Juan Ayuso ao 8.º lugar no Campeonato do Mundo de Estrada em Kigali, o Campeão do Mundo de 2018 prepara-se para comandar novamente a seleção no Campeonato da Europa, este domingo.
Em entrevista à Radio Marca Baleares, Valverde falou do estado do ciclismo espanhol, do domínio de Tadej Pogacar, da pressão mediática e, claro, da evolução de Ayuso.
Valverde reconhece a grandeza do esloveno, mas também as consequências da atenção mediática: “Ele é o melhor do mundo? Isso é claro. Não há dúvida. Mas tudo o que ele faz é questionado. Se ganha, perguntam porque é que ganha tudo. Se deixa outro ganhar, perguntam porque é que deixou. Isso desgasta mentalmente. No fim, ele é livre de fazer o que quiser.”
O antigo líder da Movistar alerta para o ritmo acelerado com que os jovens são lançados no profissionalismo. “Agora parece que se não se é profissional depois de junho, já é tarde. Não é verdade. Os sub-23 continuam a ser fundamentais. Fisicamente podem estar prontos, mas mentalmente ainda são crianças. Se lhes exigimos demasiado cedo, queimam-se. Até os cadetes já vão para estágios em altitude, privando-os de aproveitar a juventude.”

O desafio de ser selecionador

Valverde admite que o papel de selecionador é alvo de críticas fáceis. “Do sofá tudo parece simples. Mas num Mundial, onde estão os melhores, nada é fácil. A corrida é que decide o lugar de cada ciclista. Temos de lhes dar experiência e aproveitar a forma que trazem de provas como a Vuelta.”
Apesar da polémica interna vivida na Volta a Espanha, Valverde defendeu Juan Ayuso. “O que aconteceu na Vuelta não beneficiou o Juan nem a equipa, mas ele manteve-se focado e ganhou duas etapas. As pessoas esquecem-se que ele é muito jovem, com uma carreira longa pela frente. Nem sequer estava previsto correr a Vuelta e saiu de lá com duas vitórias. Para mim, fez uma época fantástica. Não podemos exigir mais.”

Reflexões sobre a carreira

Valverde recordou os seus próprios altos e baixos:
  • Melhor momento: a conquista do Campeonato do Mundo em Innsbruck (2018).
  • Piores fases: a suspensão entre 2010 e 2012 e a queda no Tour de 2017.
Apesar de nunca ter vencido a Volta a França, sente-se reconhecido. “Sempre me senti valorizado em Espanha. Ganhar o Mundial foi o ponto de viragem, mas sempre tive o carinho dos adeptos.”

O futuro do ciclismo espanhol

Valverde vê motivos para otimismo quanto ao futuro do ciclismo espanhol. “Há jovens muito talentosos. Ganhar é difícil, porque três ou quatro ciclistas dominam quase tudo, mas temos espanhóis que lutam sempre. E isso é o mais importante.”
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