Ben Healy muda o foco na Volta a França depois de vestir a Camisola Amarela: "A partir de agora, vou concentrar-me na geral"

Com metade da Volta a França 2025 já percorrida, Ben Healy tornou-se o protagonista de uma das histórias mais inesperadas e emocionantes da edição. Ao conquistar a liderança da geral após a décima etapa, o antigo campeão nacional irlandês não só deu um passo gigante na sua carreira, como também inscreveu o seu nome ao lado de lendas como Sean Kelly e Stephen Roche, tornando-se apenas o quarto irlandês a vestir a Camisola Amarela.

A façanha começou com um movimento ousado. Healy partiu para o dia com um atraso de 3 minutos e 55 segundos em relação a Tadej Pogacar e viu na fuga uma oportunidade estratégica. Com o consentimento da UAE Team Emirates, a EF Education-EasyPost colocou quatro homens na frente e Healy aproveitou ao máximo. Ao longo de uma etapa longa e exigente, o irlandês esteve sempre nos lugares da frente, assegurando o controlo da classificação virtual e resistindo às dificuldades crescentes com notável determinação.

No entanto, a ofensiva tardia da Visma | Lease a Bike complicou os cálculos. A aceleração de Sepp Kuss e Matteo Jorgenson no grupo da geral isolou Pogacar dos seus principais apoios e ameaçou a vantagem de Healy, que terminou em terceiro na etapa e foi obrigado a esperar com ansiedade a chegada dos favoritos. Quando Pogacar e Jonas Vingegaard cruzaram a meta 4:20 depois dele, a confirmação chegou: Healy é o novo líder da Volta a França, com 29 segundos de vantagem sobre o esloveno.

“Isto é apenas um conto de fadas, um sonho tornado realidade”, confessou um Healy visivelmente emocionado após a etapa. “Se me tivessem dito antes do Tour que eu estaria nesta posição, com a Camisola Amarela, depois de já ter ganho uma etapa, eu não teria acreditado.”

Healy admitiu que o plano inicial da EF não previa este cenário. “Ficamos surpreendidos com o facto de a UAE Team Emirates ter deixado passar uma grande fuga na estrada e aproveitamos para colocar quatro ciclistas. Tenho de agradecer muito aos meus colegas Neilson Powless, Alex Baudin e Harry Sweeny porque, sem eles, conseguir a Camisola Amarela teria sido impossível.”

A dureza da jornada também deixou marcas. “A certa altura, a etapa tornou-se uma luta contra mim próprio. Sei que estava a correr alguns riscos ao ir tão a fundo durante tanto tempo, mas com que frequência surge uma oportunidade como esta?”, refletiu. “Foi muito desgastante esperar quatro minutos para saber se estava ou não na amarela. Se o Tadej tivesse atacado até ao topo da última subida, talvez tivesse sido outra história.”

Mas não atacou. Healy parte agora para o dia de descanso como o novo homem a bater na classificação geral, um feito que o enche de orgulho: “Estou muito orgulhoso por representar a Irlanda. Este sucesso ainda me está a fazer sentir e estou bastante emocionado.” Quanto ao que vem a seguir, a abordagem muda: “A partir de agora, vou concentrar-me na classificação geral para respeitar a Camisola Amarela e tentar mantê-la durante o máximo de tempo possível.”

Com o peso simbólico da camisola mais cobiçada do ciclismo nos ombros e uma confiança renovada, Ben Healy prepara-se agora para enfrentar as montanhas com outro estatuto, o de líder da Volta a França. Se será capaz de resistir à avalanche dos favoritos nas etapas decisivas?