Ben Hermans foi uma das contratações da
Cofidis para 2024, numa tentativa de conseguir um trepador forte e experiente que ajudasse a equipa a marcar pontos UCI suficientes para se manter no escalão World Tour. O belga não chegou a renovar com a equipa francesa e a sua carreira pode chegar ao fim em breve, uma vez que também está consciente dos riscos inerentes ao ciclismo e de que, nesta altura da sua carreira, não vale a pena continuar a pedalar se não receber um ordenado adequado ao seu nível.
"Desde setembro que sabia que não ia renovar contrato com a Cofidis. Mas sinceramente já estava à espera disso", disse Hermans à
Wielerflits. "Eu sabia que tinha de procurar outra equipa e que essa procura não seria fácil devido à minha idade e às minhas exigências. Também disse ao meu diretor qual era o meu sentimento e o que ainda gostaria de fazer. Quando começamos a fazer exigências, há muitos jovens ciclistas que assinam contrato por um salário mais baixo e ficam com o meu lugar". O ciclista de 38 anos está consciente dos desafios e do desejo das equipas de contratarem jovens que possam evoluir e tornarem-se novos líderes...
Mas Hermans descobriu que ele próprio era um líder na Cofidis, o que torna surpreendente o facto da equipa não querer mantê-lo a bordo para 2025. "Na maior parte das vezes, era eu que tinha de trabalhar nos finais das etapas. Especialmente porque acabei por ser um dos ciclistas mais fortes da equipa. Mas é claro que também preciso de apoio nos finais para poder fazer a diferença. Também acabámos por estar muitas vezes numa situação em que a maioria dos rapazes não tinha contrato. Toda a gente corria para si próprio atrás de resultados. Se depois tivermos de correr contra blocos fortes, não temos hipóteses".
Uma situação difícil para a equipa, que acaba por afectar também os seus ciclistas. "Acho isto muito estranho. Na nossa equipa, metade dos ciclistas não renovou contrato. Claro que há sempre ciclistas 'mais pequenos' que ainda têm contrato, ciclistas que já tinham contrato há dois anos. Nesse aspeto, acho estranho. Sobretudo quando dizem que a minha idade é um problema. No final de contas, a idade importa se se anda melhor do que os outros? Mas para mim isso não é um problema, não me vou preocupar com isso".
Hermans já é ciclista profissional desde 2007 e corre ao mais alto nível da modalidade desde 2010. Desde então teve algumas lesões e está ciente dos riscos inerentes à profissão que é ser um ciclista profissional, razão pela qual não gosta muito de assinar um novo contrato se lhe for proposto um salário baixo - algo que algumas equipas ainda podem fazer, tendo em conta os seus recentes resultados.
"Em parte, é pela questão financeira. Mas também uma oferta de uma equipa continental ou de uma ProTeam de menor dimensão, não me permitirá ganhar o que exijo. Compreendo perfeitamente que pode ser uma equipa decente para um jovem ciclista que queira crescer e aprender. Mas já não estou interessado nisso", explica. "Também sei muito bem quais são os perigos do ciclismo, já estive muitas vezes no hospital. Os sacrifícios não são um problema para mim, mas não vou continuar a correr riscos por um salário mínimo."