Bernard Hinault é um dos grandes ícones da
Volta a França e consequentemente do ciclismo francês. No momento em que a lendária figura celebra o seu 70º aniversário, Hinault sentou-se com o jornal italiano La Gazzetta dello Sport para refletir sobre a sua carreira e o pelotão moderno.
Quando se trata do pelotão moderno, é difícil olhar para além do atual campeão do mundo,
Tadej Pogacar, que numa temporada venceu duas Grandes Voltas, dois monumentos, o título mundial e muitos outros sucessos. Hinault ficou impressionado com o desempenho do esloveno ao longo da época de 2024.
"O Pogacar poderá obter todo o tipo de registos. Quem será capaz de o parar?" pergunta Hinault retoricamente. "Se não tiver nenhum acidente, Pogacar ultrapassar-nos-á facilmente a mim e ao Eddy Merckx. Os seus êxitos falam por si. E impressiona-me o facto dele já ter ganho três Voltas a França aos 26 anos e de ter ficado em segundo em todas as que não ganhou. Penso que Pogacar pode ganhar pelo menos seis Tours. E sim, vejo-o a conseguir a tripla Giro-Tour-Vuelta no mesmo ano. Acho que, mais cedo ou mais tarde, ele vai tentar isso".
Na sua carreira Hinault conquistou cinco títulos na Volta à França, juntamente com Merckx, Jacques Anquetil e Miguel Indurain. "Fui uma lenda na minha época, tal como Merckx e em geral, cada período da história do ciclismo teve homens de referência - Coppi, Bartali, Anquetil, Bobet antes de mim e depois o Indurain. Cada um teve a sua história num determinado momento", reflecte Hinault. "Parei de correr cedo, aos 32 anos, mas tive a sorte de poder decidir por mim próprio, numa altura em que o meu desejo de continuar a correr se tinha desvanecido. Na altura nem toda a gente o compreendeu, na verdade diria que quase ninguém. Se eu quisesse fazer o recorde teria continuado a correr, mas o quis fazer".