Bradley Wiggins não poupou elogios ao percurso de
Remco Evenepoel na elite do ciclismo mundial, mas deixou um aviso claro: se o belga quiser, um dia, vestir a Camisola Amarela em Paris, terá de repensar a sua escolha de equipa.
O britânico, vencedor da
Volta a França em 2012, destacou a evolução de Evenepoel, que em 2024 conquistou a camisola branca e venceu uma etapa na sua estreia na Grande Volta francesa, antes de brilhar nos Jogos Olímpicos de Paris com uma impressionante dobradinha dourada. Apesar disso, Wiggins acredita que a Soudal - Quick-Step poderá não ser o ambiente mais propício para que Evenepoel chegue ao topo do mundo do ciclismo. “Remco é um ciclista especial. Claro que vai ser difícil, mas agora ele tem a experiência do ano passado. Ele sabe que consegue manter o ritmo durante três semanas”, afirmou Wiggins à Sporza. “Remco também está a regressar de uma lesão, por isso penso que provavelmente vai atingir um nível na Volta a França que não vimos este ano.”
Para Wiggins, a luta contra os gigantes Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard será dura, mas Evenepoel poderá tirar partido da rivalidade entre os dois fenómenos. “Remco precisa de tirar partido de um possível jogo de gato e rato entre Pogacar e Vingegaard. Ele precisa de se aguentar o máximo possível nas subidas e depois usar os contrarrelógios para recuperar tempo. Ele não se pode esquecer que também tem armas. Os outros dois também sabem disso. Quando ele tiver o seu dia, pode intrometer-se na luta.”
Apesar da confiança nas capacidades individuais do campeão do mundo de contrarrelógio, Wiggins levantou sérias dúvidas sobre o coletivo que o acompanha. Com a saída de Patrick Lefevere e a ausência de Mikel Landa no Tour de 2025, a estrutura da Soudal - Quick-Step parece frágil para sustentar uma real candidatura à geral. “Será a Soudal - Quick-Step suficientemente forte para ser uma equipa com um potencial vencedor da geral? Especialmente agora que Patrick se foi embora. Talvez ele deva procurar outros lugares. Veja-se a composição de equipas como a Visma e a UAE. Têm ciclistas como domestiques que podem ganhar as Grandes Voltas. A Soudal - Quick-Step não está a esse nível.”
Nesse sentido, Wiggins apontou duas alternativas com maior profundidade e experiência em Grandes Voltas: a Red Bull - BORA – Hansgrohe e a INEOS Grenadiers. “Uma mudança para uma equipa como a INEOS ou a Red Bull poderia elevá-lo a um novo patamar. Porque individualmente ele tem as qualidades para ganhar o Tour.”
A mensagem de Wiggins é clara: Evenepoel tem o talento necessário para alcançar o topo, mas talvez precise de um novo projeto desportivo que o leve até lá. Se quiser conquistar a Volta a França, poderá ter de pedalar não só contra Pogacar e Vingegaard, mas também contra os limites da sua própria equipa.