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Volta a Espanha 2025 chega à sua 18ª etapa, um contrarrelógio individual em Valladolid, num clima de enorme incerteza e preocupação com a segurança. O percurso de 27 quilómetros deveria ser um dos momentos-chave da corrida na luta pela camisola vermelha, mas a possibilidade de novos protestos organizados contra a presença da Israel - Premier Tech mantém organizadores, forças policiais e ciclistas em alerta máximo.
Valladolid, palco de alto risco
Com cerca de 300.000 habitantes, Valladolid prepara-se para receber não apenas a competição, mas também manifestações planeadas contra a equipa israelita. Segundo Jacinto Canales, responsável estatal pela segurança na cidade, existem indícios claros de que os protestos não se limitarão às habituais bandeiras e cartazes nas bermas da estrada: “Temos indícios de que estão a ser organizadas ações mais amplas do que a habitual colocação de bandeiras à saída do percurso.”
A diferença em relação a outros eventos desportivos é a vulnerabilidade do ciclismo de estrada: o contrarrelógio percorre estradas abertas, impossíveis de proteger metro a metro. “É preciso ter em conta que se trata de uma prova de 27 quilómetros e que não podemos ter um polícia a cada dez metros”, reforçou Canales.
Histórico recente de incidentes
Desde que a corrida entrou em solo espanhol, os protestos têm sido constantes:
- Bilbau (11ª etapa): manifestantes tentaram invadir a zona da meta, obrigando à neutralização da chegada por razões de segurança.
- Angliru (13ª etapa): a subida foi temporariamente interrompida por ativistas.
- Etapa 15: um manifestante saltou de um bosque junto ao percurso, tropeçou e caiu perto da fuga, acabando por provocar a queda de Javier Romo após um desvio forçado do grupo. Na meta, novas tentativas de romper as barreiras obrigaram a reforços policiais de última hora.
- Etapa 16 encurtada 8 kms devido a invasão da estrada na meta por manifestantes.
Apesar da decisão da equipa Israel - Premier Tech de retirar a palavra “Israel” do equipamento e dos veículos, a pressão dos protestos não diminuiu.
Os ciclistas viram o final da 11ª etapa em Bilbau ser neutralizado devido aos protestos. @Sirotti
Reforço policial sem precedentes
A Vuelta dispõe habitualmente de 200 agentes destacados para acompanhar a corrida, mas em Valladolid esse número será reforçado com mais 400 polícias adicionais, numa tentativa de prevenir novos episódios. O receio maior não passa pela interrupção da corrida, mas sim pelas potenciais consequências de uma ação descontrolada:
“O problema não é que a corrida seja interrompida, mas que haja algum tipo de acidente, que um ciclista, um motociclista da Guardia Civil ou um veículo da organização se despiste, ou que alguém que se desloque para o percurso seja atropelado”, concluiu Canales.
A expectativa desportiva sobre o contrarrelógio decisivo em Valladolid está, assim, ensombrada pela ameaça de novos protestos. O equilíbrio entre a luta pela camisola vermelha e a manutenção da segurança será, inevitavelmente, o grande desafio desta 18ª etapa.