Ciclista que esteve envolvido na mesma queda de João Almeida na Volta a França conta pormenores: "Já pensava que podia acontecer alguma coisa..."

Eddie Dunbar estava otimista quanto ao sucesso da sua campanha na Volta a França, mas as suas ambições foram rapidamente destruídas durante a 7ª etapa, na chegada ao Mur de Bretagne. Dunbar conseguiu entrar num grupo seleto de ciclistas de topo da classificação geral e favoritos da etapa, mas uma queda repentina, onde João Almeida também esteve envolvido, tirou-lhe não só as hipóteses de lutar pela classificação geral, mas também a sua participação na corrida. Foi um momento tão estranho que o irlandês teve de olhar para trás para perceber o que tinha corrido mal.

"Não costumo ver os acidentes depois, mas desta vez tive de o fazer porque não conseguia tirá-lo da cabeça", admite numa entrevista à Marca. "Lembro-me de pensar naquele momento: 'Tudo parece perigoso o tempo todo'. Havia apenas 25 ciclistas no grupo, mas o nervosismo era percetível".

"É claro que é importante estar bem posicionado, mas com tão poucas pessoas, não pensei que houvesse tanto stress, especialmente numa estrada tão larga", disse. "No vídeo, pode ver-se que, a certa altura, cheguei a recuar e a dar-me algum espaço, porque já pensava que podia acontecer alguma coisa. E 200 metros depois, estava no chão".

O irlandês ainda não sabe exatamente o que causou a queda: "Não tenho a certeza do que aconteceu. Algumas pessoas mencionaram um furo... A bicicleta foi numa direção estranha, apanhando-me desprevenido. Posso ter travado mal ou o calor teve um papel importante, pois estavam cerca de 35 graus. Foi uma infelicidade", conclui.

Foi imediatamente evidente que a corrida tinha terminado para Dunbar, que sentiu uma dor aguda no pulso: "Senti muitas dores. Magoei a mão e no dia seguinte nem sequer conseguia segurar o guiador. Agora só espero terminar bem a época".

Mas nem tudo está perdido. Depois da Artic Race, Dunbar tem como objetivo a Volta a Espanha, onde tem duas vitórias de etapa para defender do ano passado. E se não tivesse perdido muito tempo na primeira semana, quem sabe o que poderia ter sido possível na classificação geral. "O calor atingiu-me muito em Granada. Este ano, com o clima do norte, vai ser muito melhor para mim", diz Dunbar, demonstrando otimismo.