Falta apenas um fim de semana para as clássicas da primavera e as principais estrelas estão a preparar-se para elas. A Omloop het Nieuwsblad abre a época, o analista José de Cauwer e o antigo profissional Nathan van Hooydonck analisam alguns dos favoritos e as principais questões colocadas aos belgas;
"A Omloop será um objetivo ainda mais importante para De Lie do que para Van Aert... Se todos olharem para Visma nesta primavera, muitas equipas estarão desfalcadas. Mas eu proponho um compromisso: a Lotto deve fazer a corrida em Kuurne, não na Omloop", disse José de Cauwer ao Het Nieuwsblad. A discussão entre ele e algumas das maiores figuras do ciclismo girou sobretudo em torno das clássicas empedradas;
"Tadej Pogacar e
Tom Pidcock não farão parte das corridas dos eventos mais importantes. Entretanto,
Mathieu van der Poel prepara-se para a primavera com o seu próprio calendário, na sequência do seu sucesso na campanha de ciclocrosse. Já o que me impressiona no Pidcock nas clássicas flamengas é que ele tem muita 'capacidade de estar de pé', mas muito menos 'capacidade de estar sentado'", explica de Cauwer.
"Nas subidas em calçada, como o Muur ou o Paterberg - onde se decidem muitas vezes a corrida- ele tem mais dificuldades. Podemos ver o Van Aert a puxar o guiador para cima e a tirar força do seu corpo. Pidcock nunca o consegue fazer dessa forma. Pogacar é suficientemente robusto para o conseguir fazer", diz ele sobre o britânico. A Muur de Geraardsbergen será um bom teste para a forma dos especialistas no início da primavera;
Para
Wout van Aert, os objectivos finais são a Volta à Flandres e o Paris-Roubaix;
"É um pouco exagerado apostar em duas corridas como esta", diz De Cauwer. Assim, não se pode dizer simplesmente 'não tenho de fazer nada'. É preciso ter cuidado, eu percebo. Wout aprendeu como é difícil ganhar estas corridas. A sua abordagem atual pode ser uma solução. Tens de ver as coisas desta forma: Wout é o único corredor que ainda tem tempo para melhorar depois da Omloop. Os restantes sabem que vão ter de se contentar com as condições do fim de semana de abertura. O Muur [de Geraardsbergen] vai ensinar-nos muito na próxima semana. Se cinquenta pessoas forem mais rápidas do que nós, temos um problema".
"Acho que é bom o Remco não estar a correr em Sanremo. Pergunto-me se aquele percurso lhe assentará tão bem. No Poggio não o vejo a ultrapassar Van der Poel e na descida técnica que se segue... pode hipotecar o seu Tour", argumentou Nathan van Hooydonck. "A Cipressa não é suficientemente difícil para um ataque longo. Não sei se ele consegue lá ir muito mais a fundo do que qualquer outro. O Remco subia tão rápido que tinha de travar nas curvas. Em Evenepoel já não me atrevo a dizer: "ele não consegue fazer isto". Na Clássica da Figueira, ele já tinha algum poder de aceleração. Se ele se safar na Cipressa, a próxima corrida será tranquila para ele".