Compatriota de Vingegaard destaca superioridade de Pogacar no Tour: "Está demasiado forte neste momento"

Bjarne Riis, antigo vencedor da Volta a França e uma das vozes mais respeitadas do ciclismo dinamarquês, tem acompanhado de perto a edição deste ano e, após a 14.ª etapa, deixou uma análise certeira sobre a batalha entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard. Para Riis, o Camisola Amarela mostrou estar claramente por cima, mesmo sem se expor em demasia.

A etapa foi uma das mais duras até agora, com quase 5000 metros de desnível acumulado e quatro ascensões categorizadas: Col du Tourmalet, Col d'Aspin, Col de Peyresourde e a subida final de 17 km até ao alto de Superbagnères. A UAE Team Emirates - XRG assumiu o controlo da corrida com um ritmo moderado, diferente da abordagem explosiva dos dias anteriores. Vingegaard tentou explorar essa mudança, lançando ataques para testar Pogacar.

O esloveno respondeu com a sua própria ofensiva e, mesmo sem um ataque demolidor, acabou por bater Vingegaard no sprint final, somando mais quatro segundos de vantagem na geral. Riis, comentando para o BT, interpretou a etapa de forma crítica, sublinhando a superioridade do líder da corrida: "Antes de mais, quero dizer que foi ótimo que o Jonas tenha ousado e tentado vários ataques. É claro que ele está a tentar. Mas também é claro que o Pogacar está demasiado forte neste momento. Provavelmente podia tê-lo deixado para trás se quisesse."

Uma das questões levantadas por Riis prende-se com a abordagem mais conservadora de Pogacar na subida final. Alguns acreditam que o esloveno geriu o esforço por não acreditar na vitória da etapa, já que Thymen Arensman seguia bem adiantado na frente. "Há uma diferença entre não ter pernas para atacar e simplesmente decidir não o fazer. Talvez o Pogacar tenha achado que não valia a pena o esforço. É uma possibilidade, mas sinceramente, não acredito nisso. Se estiver enganado, o Jonas não se importará. Mas quero ver mais antes de acreditar."

O próprio Pogacar afirmou após a etapa que não tinha pernas para atacar de longe. Riis, no entanto, mostra-se cético e reforça a sua perceção de domínio: "Não vi o Pogacar em dificuldades. Estava a pedalar dentro dos seus limites. Se quisesse, podia ter-se afastado do Jonas a qualquer momento. E viu-se no final, o Jonas parecia frustrado, quase parado enquanto o Pogacar ainda acelerou com força."

A leitura do antigo diretor desportivo coloca em destaque a confiança com que Pogacar tem controlado os acontecimentos nesta Volta a França. Mesmo sem ataques avassaladores, a capacidade de gerir o esforço, responder nos momentos certos e somar segundos em cada oportunidade transmite a imagem de um líder com margem de manobra, algo que Riis não hesita em sublinhar.

Com várias etapas decisivas ainda pela frente, a questão que se impõe é se Vingegaard terá algum trunfo guardado ou se, como Riis sugere, Pogacar já tem a corrida verdadeiramente sob controlo.