Ben Healy continua a afirmar-se como uma das surpresas mais consistentes desta
Volta a França. Depois de uma vitória autoritária na 6.ª etapa, conquistada através de uma fuga bem sucedida, o irlandês da EF Education–EasyPost voltou a marcar presença na frente da corrida no 10.º dia, numa ação corajosa que o levou à liderança da geral e à Camisola Amarela. Nos primeiros dias nos Pirenéus, no entanto, teve de lidar com o desgaste acumulado e um calor sufocante, perdendo tempo e saindo provisoriamente do Top 10.
Na 14.ª etapa, voltou ao ataque com a intenção de se inserir na fuga do dia, mas acabou por não ter pernas suficientes para acompanhar o ritmo imposto no Col du Tourmalet.
"Hoje tentei entrar na fuga e gastei muita energia a fazê-lo, mas percebi rapidamente que não tinha pernas para o dia todo, especialmente com a Emirates a controlar atrás. Por isso, decidi recuar e ver o que conseguia fazer no final", explicou Healy após a etapa.
Foi uma escolha tática acertada. Apesar do desgaste, Healy conseguiu limitar perdas e voltou a subir com os favoritos na parte final da etapa, mostrando sinais evidentes de recuperação após um dia complicado no Col du Soulor, onde caiu e perdeu mais de 13 minutos para Pogacar.
"O Thymen [Arensman] e depois o Lenny [Martínez] estavam a puxar muito no Tourmalet. Doeram-me bastante nas pernas. Tive de tomar a decisão na estrada", acrescentou, sobre a dureza da subida.
Ben Healy já foi Camisola Amarela nesta Volta a França.
Desta vez, a resposta foi positiva. Healy terminou a etapa em sétimo, no mesmo grupo de Primoz Roglic, e regressou ao Top 10 da geral, subindo ao nono posto e ultrapassando Remco Evenepoel, que abandonou, e Matteo Jorgenson, que perdeu tempo.
A forma como geriu o esforço mereceu elogios do seu diretor-desportivo, Charles Wegelius:
"O Ben fez um ótimo trabalho ao conseguir entrar na fuga. Mas as constantes acelerações foram demasiado. Ele fez algo raro: foi deixado para trás na fuga, mas teve a capacidade de recuperar antes de ser apanhado pelo pelotão do Camisola Amarela, para depois seguir com eles. Foi uma exibição muito sólida."
Mais do que apenas atacar em busca de etapas, Healy começa agora a considerar-se como candidato sério a um bom resultado na classificação geral.
"Agora que estou no Top 10 da geral, não vou perder tempo de propósito. Dias como este e os que vêm aí são os que mais me agradam", confessou o irlandês, que começa a encontrar o equilíbrio entre o instinto ofensivo e a regularidade exigida por uma Grande Volta.
"Sempre soube que podia render neste tipo de terreno, mas encarei esses dias mais da perspetiva da fuga. Agora, quero estar ao lado dos grandes."
A ambição de Healy está cada vez mais clara, e a sua evolução na corrida tem sido exemplar: de caçador de etapas a nome a ter em conta na luta pelos lugares cimeiros da Volta a França.