"Competir contra Tadej Pogacar foi frustrante, agora estou a mudar de lado": Reforço francês espera que a mudança para a UAE o coloque "mais vezes do lado vencedor"

Depois de anos a tentar desarticular, a partir de fora, os planos da UAE Team Emirates - XRG, Benoit Cosnefroy passa agora a integrar a máquina que admite ter sido, em tempos, impossível de travar.

A mudança do francês da Decathlon AG2R La Mondiale Team para a UAE Team Emirates - XRG foi uma das transferências mais inesperadas do inverno, confirmada tarde num mercado congestionado e instável.

Em declarações ao Cyclism’Actu durante o Media Day da nova equipa em Benidorm, Cosnefroy foi franco quanto às circunstâncias da mudança e ao apelo de trocar de lado.

“Para mim, é um desafio, porque antes de mais nada vou correr com o melhor ciclista do mundo”, argumentou Cosnefroy. “Nos últimos anos, era difícil contrariar um plano que envolvesse o Tadej, era frustrante, mas agora estou a mudar de lado, por isso vai ser interessante. Estarei do lado vencedor, normalmente”.

“Toda a gente viu, o mercado foi complicado este ano”, explicou. “Com o encerramento da Arkea e a fusão, houve bastantes mudanças que não foram necessariamente positivas para o mundo do ciclismo. Foi um mercado muito tenso”.

O corredor de 30 anos revelou que teve opções mais cedo no ano, mas as circunstâncias adiaram a decisão.

“Tive várias propostas em junho. Dei a minha palavra a uma equipa, mas acabou por não acontecer, por isso voltei ao mercado bastante tarde. Na segunda ronda de negociações, foi a UAE que apresentou a primeira proposta”.

Cosnefroy falou também com apreço sobre o fecho de um longo capítulo na AG2R, equipa que representou em várias fases.

“Passei anos muito bons na equipa AG2R, depois AG2R Citroen e depois AG2R Decathlon”, disse. “São muitos anos, anos realmente intensos, com grandes encontros, vitórias e momentos. Estou muito grato por todos esses anos”.

A separação, sublinhou, foi oportuna para ambas as partes. “Também senti que estava a chegar ao fim da história com a equipa. Acho que era o momento certo para nos separarmos, para ambos os lados”.

Na UAE Team Emirates - XRG, o papel de Cosnefroy será seletivo, não absorvente. Não tem Grandes Voltas no calendário, mas terá bastante liberdade nas corridas-alvo.

“Na maioria das vezes vou tentar vencer o máximo possível em corridas secundárias”, informou. “Não vou ter uma equipa a trabalhar para mim o dia todo, mas poderei jogar a minha carta no final, e isso é o mais importante”.

E, embora não vá competir ao lado de Pogacar todas as semanas, a mudança de perspetiva já é evidente.

“Quando estás no comboio com um plano para garantir que tudo corre perfeitamente para o Tadej, não é o mesmo que estar no pelotão a seguir rodas”, acrescentou Cosnefroy. “No fim, estás numa posição vencedora, por isso é fixe”.