Hoje tivemos na estrada a 3ª etapa em linha da Volta a Portugal de 2024. Uma etapa linda, onde os ciclistas deram um saltinho até ao ponto mais alto de Portugal Continental, onde estava instalada a meta.
Os bravos do pelotão enfrentaram condições duras na ascenção, debaixo de um calor abrasador, o que tornava as coisas mais dificeis. Lá no alto não foi um português a ganhar, mas pela serra acima foi ele que atacou, impôs ritmo, deu espetáculo e nunca baixou os braços. Sempre de cara ao vento Afonso Eulálio mostrou a garra e a fibra de um verdadeiro campeão.
Na primeira etapa em linha ele tinha passado algumas dificuldades na subida para o Observatório de Vila Nova, mas cerrou os dentes e minimizou as perdas, perdas essas que hoje reconquistou ao ponto de se tornar líder da corrida e vestir a sempre almejada camisola amarela. Rumo à meta para o alto da etapa 2, tinha sido António Carvalho, companheiro de equipa de Eulálio a fazer segundo na etapa. O que é que estes dois homens têm em comum? Saíram da equipa comandada por Carlos Pereira, para vestirem a camisola de "Castelo ao Peito". Erro de casting ou falta de visão? Se calhar ambas, mas já lá vamos.
O director desportivo que ontem viu a sua equipa ganhar em Lisboa, fazendo 1-2 na etapa, nunca se cruzou com Eulálio. Contudo e após um GP Jornal de Noticias menos conseguido, quando na etapa que terminou em Gaia deixou sentenciada a corrida por uma má estratégia colocada em prática, levou a que Américo Silva deixasse a equipa pouco tempo depois.
O ano de 2020 terá sido o inicio do descalabro da equipa (na altura) Efapel. Henrique Casimiro tinha batido com a porta e no ano seguinte outros homens seguiram-lhe os passos. Os valores pelos quais a equipa se regia tinham mudado, afirmavam alguns dos ex ciclistas que não se reviam no rumo do projecto da equipa. Algo ia mal na reino do comboio amarelo. A época de 2022 começa atribulada, novos patrocínios, nova imagem as mesmas cores. Amarelo Fluorescente. A equipa de Carlos Pereira dava um ar da sua graça e limpava tudo. Na Volta a Portugal conseguiu o pódio completo, um feito histórico. Mas seria esse domínio tão avassalador verdadeiro ou um domínio de circunstancia? Afonso Eulálio e António Carvalho deixavam a equipa no final da época.
A época começa debaixo de grandes expectativas, com contratações que faziam tremer os adversários. Mostrou-se um fiasco, não atingindo o seu principal objectivo da época e passando pelos pingos da chuva alguns comportamentos menos próprios de membros do staff após algumas etapas da Grandíssima. O sonho ia aumentar de dimensão em 2024 e com ele mais dois homens, entre outros, saem da equipa amarelo fluorescente para a Vila da Feira. Fábio Costa e Pedro Pinto. Entram na nova era, a era da Sabgal, e com ela abandonam o amarelo fluorescente.
A ABTF Betão - Feirense estará agradecida à má gestão de Carlos Pereira. Deixou sair o actual detentor da Taça de Portugal Fábio Costa, Afonso Eulálio, António Carvalho e Pedro Pinto, para não mencionarmos os nomes de homens que saíram para outas equipas. Quem gosta de ciclismo e vê o foco, a determinação, o empenho, sabia que ali, naquele lote de 4 nomes, havia uma qualidade tremenda. Seria desonesto não dar créditos ao Joaquim Andrade, um homem que sabe muito de ciclismo, tal como o Américo Silva. Muito mesmo. Muito mais que Ruben Pereira, director desportivo da Sabgal - Anicolor, que já deu provas que só exerce o cargo que tem, por ser filho do patrão da equipa. São erros atrás de erros em épocas diferentes e não há quem diga basta.
A Sabgal é uma equipa sem rumo, que se vai afundando. Ganhou tudo em 2022 porque não teve concorrência à altura, devido ao escândalo que assombrou o ciclismo português. No ultimo ano perdeu a Volta na Serra da Estrela, mas ainda tentou dar um ar de si na restante corrida. Este ano, pese ainda faltarem muitos quilometros para percorrer, mais uma vez já tem a Volta a Portugal feita. Para um investimento tão grande, resultados tão medíocres.
Sim, verdade, é a estrada que faz as corridas e põe os homens no seu devido lugar. Mas quem escolhe os homens, lhes põe um contrato em cima da mesa para assinar, dá os treinos ou as tácticas para as corridas, não pode passar incólume à critica e ás perguntas menos satisfatórias dos fãs da modalidade. Há que assumir os erros. Não basta dar uma conferencia de imprensa e dizer "eu sou o culpado". Há que refletir. Há que pensar. A equipa de Carlos Pereira é um barco que se afunda lentamente, pela politica que traçou e pelo homem que tem no leme.
A ABTF Betão - Feirense hoje deu espetáculo com um jovem de imenso talento e valor. A ABTF Betão - Feirense pega nos miúdos e torna-os homens, juntando-lhe no plantel o q.b de experiencia para poder lutar por sonhos que ás vezes se tornam realidade. É uma análise, que não sendo profunda, leva a malta a refletir. Não é o que é, mas é o que temos.