Giuseppe Martinelli, DD da Astana, está no desporto há décadas e assistiu à sua evolução de forma interessante. Se, no passado, era frequente ver alguns dos melhores ciclistas do mundo "presentearem" ou permitirem que os rivais obtivessem vitórias em troca de tréguas ou de uma aliança nas corridas por etapas, isso já não acontece num pelotão em que todas as vitórias são importantes.
"Esse ciclismo já não existe. Hoje em dia, no ciclismo, ganha o ciclista mais forte e toda a gente aceita isso", disse Martinelli em declarações ao Cyclingnews. "Já não existe a estratégia de alguém te retribuir o favor no dia seguinte e aí por diante." Lance Armstrong e Alberto Contador eram conhecidos por usar essas táticas para reunir aliados no pelotão que poderiam ser úteis em momentos futuros das suas carreiras. No pelotão moderno, fazer isso não teria o mesmo efeito, e Martinelli acredita que os principais ciclistas também não estão interessados em usar essas táticas.
Tanto mais que as equipas trabalham arduamente para que os seus líderes vençam, e porque hoje em dia temos figuras dominantes como Tadej Pogacar, Primoz Roglic, Jonas Vingegaard e Remco Evenepoel, que podem vencer em vários terrenos. Com exceção de Vingegaard, os outros três também têm um sprint suficientemente forte para vencer quase todos os trepadores do pelotão - algo que os melhores trepadores do mundo não tinham no passado.
"No passado, as pessoas diriam: 'O que é que o Pogačar está a fazer ali em cima a arriscar tudo no sprint?", mas hoje em dia não é assim porque o mundo do ciclismo mudou", argumenta o veterano italiano. "Eu gosto deste ciclismo e sou um velhote que já passou por tudo e mais um pouco."